Agência Saiba Mais: um ano “sem o verniz da mídia tradicional”
Natal, RN 29 de mar 2024

Agência Saiba Mais: um ano “sem o verniz da mídia tradicional”

31 de agosto de 2018
Agência Saiba Mais: um ano “sem o verniz da mídia tradicional”

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Com foco em cidadania, democracia, transparência e cultura, a Agência Saiba Mais, primeira agência de reportagem do Rio Grande do Norte, comemora seu primeiro ano nesta sexta-feira, 31 de agosto. Para além do aniversário, a comemoração se estende à possibilidade de alternativa ao cenário hegemônico da mídia local.

“Foi um ano de disputa como serão todos os outros que virão pela frente. Um ano em que chegamos, nos apresentamos e conseguimos contar algumas histórias como elas são, sem o verniz da mídia tradicional, sem compromisso com a elite empresarial ou com as oligarquias que mandam no estado e controlam os meios de comunicação”, descreveu o editor-geral e fundador Rafael Duarte.

“Foi um primeiro ano de muito trabalho, aprendizado, de erros, acertos, um ano em que já começamos a planejar os novos desafios”, completa, ao lembrar que a missão do projeto é dar visibilidade às narrativas silenciadas da sociedade, em defesa da liberdade de informação, dos direitos humanos e do interesse público.

A Agência conta com colunas diárias de 16 colaboradores, que escrevem sobre diversos temas, indo de poesia e comportamento a esporte e política. O portal se mantém com o auxílio de parcerias e assinaturas do público. O conteúdo é aberto para qualquer leitor, seja assinante ou não, e as contribuições permitem a contratação de repórteres através de editais, garantindo mais pluralidade de narrativas ao portal.

“É gratificante após um ano poder olhar a estrada percorrida até aqui. Os espaços de debate proporcionados pelas abordagens dos colunistas de altíssima qualificação que nos deram cotidianamente suas visões, somados a um aprendizado sobre temas diversos e de alta relevância, e além disso trazendo à tona assuntos que nem sempre encontram espaço na imprensa tradicional”, disse o fotojornalista e cofundador da agência Vlademir Alexandre.

“Este jovem veículo de comunicação que já rompeu as barreiras geográficas do RN e demonstra com seu jornalismo íntegro e engajado, maturidade, resistência e empenho com o bom lado da notícia livre e independente”, Vlademir completa, ao ressaltar a importância do fortalecimento de novas fontes de informação confiáveis.

“Dias de vasto avanço das fake news, e ainda pior, de seus criadores, fazem do cotidiano do jornalista contemporâneo uma constante disputa por espaço de confiabilidade e legitimidade como eixo primordial no respaldo de um público leitor que anseia por veículos de impressa livres da subordinação ao mercado e ao poderio econômico da política partidária”.

O jornalista e também cofundador do Saiba Iano Flávio confirma essa crise de confiabilidade por que passa o jornalismo.

“O Saiba Mais vem cumprindo um papel fundamental em produzir jornalismo em uma cidade carente de informações honestas. Ao mesmo tempo, o Saiba Mais é um ensaio para o futuro do jornalismo, pois eu acredito que vamos deixar de ter grandes redações empresariais e teremos um modelo de projetos independentes, temáticos e gerando trabalho e renda com mais dignidade para nós jornalistas”, reconheceu, dizendo ainda que o Saiba Mais “prova que o jornalismo honesto é o que mostra de que lado está e que não se esconde por trás do mito da imparcialidade”.

Jornalismo independente, instrumento da democracia

O jornalismo independente se coloca como importante ferramenta para a manutenção da democracia em um cenário de mídia hegemônica. Manoel Santa Rosa, diretor- presidente do Sicredi Credsuper, que é parceira da Agência Saiba Mais, destaca o trabalho realizado pelo portal como “oxigênio” à democracia.

“Neste momento em que as fake news se tornam mais notícia do que o apuro jornalístico, e quando a partidarização ideológica persecutória veste viseira que inibe os debates necessários para o desenvolvimento e para a cidadania do nosso Brasil e do nosso RN, a Agência Saiba Mais traz diversidade e oxigênio a nossa surrada democracia. Vida longa ao jornalismo! Vida longa ao Saiba Mais”, disse Manoel.

Com ele, concorda a professora do curso de Jornalismo da UFRN Socorro Veloso, que é assinante e leitora assídua do portal. Para ela, a produção jornalística da agência é uma “importante contra-agenda midiática no estado em que o jornalismo enfrenta tantas limitações, especialmente às condições de trabalho, aos espaços e mesmo às práticas”.

Socorro Veloso argumenta que a Saiba Mais mostra diferentes nuances das tensões políticas locais. “Acho que sem a presença da agência neste último ano, nós que aqui residimos não teríamos tanta noção de como se travam esses embates nesse cenário de aprofundamento da crise política”, disse, ressaltando a importância de manter o projeto vivo, especialmente por meio do financiamento.

“É preciso que pessoas que leem os conteúdos jornalísticos da Saiba Mais e que ainda não contribuem que o possam fazer com qualquer quantia, porque nós precisamos garantir a sobrevivência desse veículo”.

O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica - Sinasefe Seção Natal também investe no jornalismo independente por acreditar na importância de questionar a mídia tradicional.

“A gente sabe que no Brasil o bloco hegemônico da mídia tradicional está concentrado majoritariamente nas mãos dos coronéis, os chamados barões da mídia, grande parte deles são políticos. Além da tradição oligárquica da família na política, ainda detém as concessões públicas de rádio e TV”, disse a coordenadora geral do Sinasefe Natal, Aparecida Fernandes, ao apontar para as consequências desse sistema.

“Isso é muito sério porque a informação não circula de forma isenta, sempre pende para o lado dos interesses dos grandes grupos. A gente tem uma mídia que joga contra os interesses da maior parte da população, que são as pessoas mais pobres, cujos direitos são constantemente atacados”, alertou a representante sindical, parabenizando a iniciativa da Saiba Mais.

“A gente deseja que realmente tenha vida longa e que contribua pra motivar outros jornalistas a cavarem esse espaço e buscarem fortalecer a mídia alternativa. A gente precisa que a informação circule e que a manipulação seja desfeita”, disse Aparecida Fernandes.

Para o presidente do parceiro Sindicato Adurn, Wellington Duarte, o portal representa grande novidade no jornalismo do RN, por ter qualidade diferenciada e liberdade de imprensa.

“Jornalismo independente deveria ser um pressuposto de qualquer democracia. Entretanto a gente vive numa sociedade onde a imprensa é oligopolizada e estamos vivendo um regime de exceção. Aí o jornalismo independente se torna uma caixa de ressonância para o discurso pró-democracia. Por isso é tão importante”, disse Wellington.

O promotor de Justiça Fernando Vasconcelos lembra que a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos preveem o direito à liberdade de opinião e expressão e a livre circulação de informações e ideias, mas que esse direito só pode ser materializado se quem produz e divulga a informação não estiver subordinado a grupos econômicos, políticos ou religiosos.

“É essencial e imprescindível, que jornalismo seja independente, e quando falo em independe, não é jornalismo sem posição, mas é o jornalismo que não é controlado ou que não possua relação simbiótica com qualquer grupo hegemônico, em razão dos mais diversos interesses”, disse o promotor.

“O Jornalismo independente possibilita, de fato, a formação de uma visão crítica sobre os acontecimentos, já que, sendo independente, não escamoteia ou camufla fatos, nem age, de forma sub-reptícia ou dissimulada, para impor seus valores ou interesses”, opinou Fernando, que acompanha o trabalho da agência desde o começo e foi um dos primeiros colunistas a escreverem para o site.

“Posso atestar a independência dos que fazem a agência, sempre tive ampla liberdade para escrever tudo que pensava. Nesse curto período de existência, a Saiba Mais tem trazido matérias e informações que muitas vezes não se vêm em outros portais ou jornais, além de se mostrar absolutamente transparente em seus valores filosóficos, mas sem se afastar de sua missão de buscar trazer a realidade factual”.

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