As cócegas que a TV não fez nas eleições
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As cócegas que a TV não fez nas eleições

24 de setembro de 2018
As cócegas que a TV não fez nas eleições

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Ainda é cedo para dizer, mas tudo indica que essa vai ser mesmo a eleição das redes sociais.

Apostei aqui outro dia que, melhor que aparecer na TV, é viralizar na internet. Passadas três semanas da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o cenário das pesquisas parece indicar que a televisão não deve fazer mesmo diferença na escolha dos eleitores.

Na primeira semana, a propaganda até chamou a atenção dos telespectadores. O Ibope registrou um aumento de 14% na audiência do horário eleitoral em relação à primeira semana de exibição dos programas eleitorais em 2014. Mesmo assim, muita gente ainda prefere desligar a TV e arrumar outras coisas para fazer. Basta aparecer a tela azul da propaganda eleitoral, para a audiência cair em média 26%.

Geraldo Alckmin, que estava bem ansioso pelo início da propaganda no rádio e na televisão, não conseguiu virar o jogo com seu programa de cerca de 5,5 minutos – equivalente a 44% de cada bloco dos candidatos à Presidência. De lá para cá, manteve-se no mesmo patamar na intenção de votos e pouco conseguiu reduzir sua rejeição. Por outro lado, Jair Bolsonaro, com seus oito segundos na TV e uma facada no abdome, segue confortavelmente na liderança angariando cada vez mais votos. Vale lembrar também que o candidato tem um exército de militantes – e robôs – nas redes sociais.

Aqui no Rio Grande do Norte, o candidato à reeleição também não consegue decolar, mesmo com o maior tempo na TV – 3,5, minutos – e a máquina pública a seu dispor. Fátima Bezerra segue na liderança com menos da metade do tempo – 1,5 minuto. Para o Senado, o capitão Styvenson surfa na liderança e nem aparece na televisão, graças ao seu conflito com a Rede. A pesquisa Certus/Fiern traz um indício do que pode estar acontecendo. Nas terras potiguares, pouco mais de 46% dos eleitores não viu, nem ouviu a propaganda no rádio e na televisão.

Tudo bem. Há muitos fatores para fechar a conta – ainda mais nesse seriado chamado Brasil. O tempo de televisão nem sempre foi determinante na política. Lula venceu José Serra, em 2002, com bem menos tempo que os tucanos na televisão. E, naquele tempo, a internet nem tava com essa bola toda. Em 2018, 90% dos eleitores ainda têm o hábito de ver TV diariamente. Mas a diversidade de fontes de informações, podem estar drenando o peso do horário eleitoral no rádio e na TV. Aí, nem vai adiantar fazer tantas alianças no centrão para ficar com a maior parte do bolo.

Com um custo estimado de cerca de R$ 5 para cada brasileiro, talvez seja hora de repensar o que vamos fazer com esses R$ 1,2 bilhões de reais de renúncias fiscais nas próximas eleições.

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