Para TVs, Copa do Mundo não é sobre futebol
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Para TVs, Copa do Mundo não é sobre futebol

16 de julho de 2018
Para TVs, Copa do Mundo não é sobre futebol

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Faz tempo que os especialistas anunciam previsões de quanto a televisão tradicional, transmitida em sinal aberto ou por cabo, vai perder espaço para a “televisão” pela internet. Não vou arriscar um palpite (ainda que ande com sorte nos bolões da Copa), mas parece que a virada não vai ser durante o mundial de futebol. Por todos os lados, emissoras de televisão comemoram os números da audiência.

Aqui no Brasil, a Globo é só sorrisos. Durante a transmissão da final entre França e Croácia, a emissora superou os 39 pontos de audiência contra 3,9 do SBT, segundo dados o Ibope. O pico de audiência, durante o jogo, foi de 43,1 pontos – cada ponto equivale a pouco mais de 200 mil pessoas. Comparados com a final da Copa de 2014 aqui no Brasil, os números ainda são maiores que as audiências somadas da Globo e Band (que também transmitiu os jogos do mundial). Na TV por assinatura, a Globo também se deu bem. A Sportv era o quarto canal mais visto pelos assinantes durante o mundial.

Nos jogos da seleção brasileira, os números são ainda melhores. Segundo levantamento da Folha, a média de audiência dos cinco jogos da seleção na Rússia alcançou quase 56 pontos, contra 45,4 pontos dos jogos da seleção na copa aqui no Brasil. Na hora do jogo, quase 70 % dos televisores ligados estavam sintonizados na Globo, um crescimento de quase 12% em relação à copa passada.

E não é só na TV Brasileira que as coisas vão bem. Segundo um levantamento mundial, 3,4 bilhões de pessoas sintonizaram a televisão por pelo menos um minuto na final da Copa da Rússia. São duzentas milhões de pessoas a mais que na Copa de 2014. A BBC também comemora o crescimento de audiência na TV, impulsionado pelo bom desempenho da equipe inglesa no campeonato. Só na primeira fase, foram mais de 36 milhões de telespectadores. Mas pode ter sido o último suspiro da TV aberta.

Ainda com números da BBC, também durante a primeira fase da copa, quase 41 milhões de pessoas acessaram os jogos pelos serviços de streaming, quatro milhões a mais que na TV aberta. Aqui no Brasil, a Net registrou um aumento de 50% no número de novos acessos do serviço Now, que transmitia os jogos pelo computador ou celular. Canais como Sportv e Fox Sports tiveram um crescimento de 300% só com a exibição dos jogos ao vivo pela internet. Isso sem contar a transmissão da Globo pelo site globoesporte.com.

Se, por um lado, muita gente estreou a televisão pela internet durante a Copa – principalmente para quem estava no trabalho na hora dos jogos, teve quem voltou a sintonizar a Globo depois de muito tempo. E os locutores tiveram que trabalhar para tentar cativar a audiência. A divulgação dos programas não ocupava apenas os intervalos dos jogos, mas se diluíam até mesmo durante os comentários dos jogos e até mesmo durante a narração dos lances decisivos da partida. Bastava um jogador ficar encurralado para o locutor lembrar do personagem da novela.

A estratégia pode ter funcionado. A grade da Globo teve uma melhora na audiência de 24%. Novelas como Malhação, Orgulho e Paixão e Deus Salve o Rei registraram aumento no número de telespectadores. Só a novela Segundo Sol não aproveitou a bonança e perdeu pontos.

Sem os jogos e de volta à rotina, vamos ver como ficam as coisas pela televisão e esperar se, até a Copa do Quatar, a internet finalmente vira o jogo.

Leia outros textos do jornalista Iano Flávio aqui
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