Sérgio Moro, o mascote de estimação de Bolsonaro
Natal, RN 29 de mar 2024

Sérgio Moro, o mascote de estimação de Bolsonaro

7 de novembro de 2018
Sérgio Moro, o mascote de estimação de Bolsonaro

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Na primeira entrevista coletiva concedida à imprensa, o futuro ministro da Justiça e da Segurança Pública Sérgio Moro se comportou como um insuspeito mascote de estimação do presidente eleito Jair Bolsonaro.

Antes de assumir a pasta e cercado de suspeitas em razão de ter prendido o líder das pesquisas de intenção de voto seis meses antes da eleição, além de ter divulgado informações uma semana antes do 1º turno que ajudavam seu novo chefe, Moro conseguiu o que nem os bolsonaristas tinham tentado até então: chamar de “moderado” quem já admitiu defender a tortura, metralhar os petralhas e eliminar os vagabundos esquerdistas.

“Foram declarações pretéritas, mas estamos olhando para o futuro. (Bolsonaro) Pode ter feito declarações não felizes no passado. Mas o que observei foi um caminhar de moderação”, disse o quase ex-juiz em reposta a uma repórter que listou várias das barbaridades que ditas por um cidadão comum eram passíveis de punição por apologia à violência, menos para um juiz de estimação.

Ao chamar Jair Bolsonaro de “moderado”, Sérgio Moro mostra o que a sociedade pode esperar do Ministério da Justiça: condescendência com os aliados do Governo, o que se estende para além da hierarquia.

E isso ficou ainda mais claro quando o futuro ministro foi indagado sobre trabalhar no mesmo governo que um réu confesso pelo crime de caixa 2 e futuro ministro da Casa Civil, cargo já anunciado para o deputado federal Onyx Lorenzoni (RS):

“Tenho grande admiração pelo Onyx Lorenzoni. Foi um dos grandes deputados que defendeu a aprovação daquele projeto das 10 Medidas Contra a Corrupção mesmo sofrendo ataques severos”, disse o mesmo juiz que meses atrás declarou que considera o caixa 2 para fins eleitorais mais grave que a corrupção.

Mas o melhor veio em seguida. Sobre o dito caixa do 2 admitido por Lorenzoni, Moro arrematou:

- Ele pediu desculpas e tomou as providências para repará-los.

Aliás, de desculpas Sérgio Moro também entende. Foi o que o próprio quase ex-juiz pediu ao então ministro do STF Teori Zavaski para justificar o vazamento para o Jornal Nacional do grampo ilegal do telefone da então presidenta Dilma Rousseff, em conversa privada com o ex-presidente Lula.

Sérgio Moro se comporta e discursa como se fosse continuar juiz e levando o aparato de investigação da operação Lava-jato para o Governo Bolsonaro. Moro se apresenta como um herói que combate o mal feito.

Mas o mal feito dos outros, é importante destacar.

Porque ao primeiro sinal do mal feito dos seus aliados, Moro não solicita mais do que um pedido de desculpas.

"Aos amigos os favores, aos inimigos a lei" não é uma sentença de Sérgio Moro, mas uma frase de Maquiavel.

Bolsonaro convidou um juiz para ser ministro, mas ganhou um mascote para chamar de seu.

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.