Os ex-funcionários do Novo Jornal, demitidos há seis meses, estão sendo prejudicados pelos antigos patrões. O acordo firmado com os trabalhadores que previa o parcelamento da verba rescisória até outubro de 2018 foi suspenso unilateralmente neste mês.
Desde maio, jornalistas e funcionários de outros setores da empresa se veem apreensivos com o atraso dos pagamentos. O descumprimento do acordo, feito com a mediação do Ministério do Trabalho, será judicializado nos próximos dias. Os ex-funcionários, porém, estão tomando outras medidas.
O Novo Jornal foi fundado em 2009 pelo jornalista Cassiano Arruda Câmara e negociado cinco anos depois, em 2014, após um acerto empresarial que envolveu o advogado e professor universitário André Elali, os diretores da incorporadora Ritz G5 Fernando Lessa e Luiz Matida, além do advogado José Henrique Azeredo. Este grupo concebeu o formato e o modelo de direção do jornal que encerrou as atividades em dezembro de 2017.
O pagamento suspenso ao ex-jornalistas envolve cifras aproximadas de R$ 200 mil. Segundo informações repassadas aos ex-funcionários, há representantes do grupo que estariam se transferindo para a Europa.
No acordo, os jornalistas foram levados a abrir mão do direito de receber o montante devido das verbas rescisórias no ato da demissão e até os juros e a correção monetária. A forma colocada como única para assegurar o pagamento previa ainda o parcelamento em até oito vezes.
Apesar da desvantagem, o acordo foi aceito pelos trabalhadores e chancelado pelo Sindicato dos Jornalistas e pelo Ministério do Trabalho, mas os ex-funcionários da empresa já foram informados que os pagamentos não serão mais realizados.
O Novo Jornal se manteve de pé por 8 anos graças ao trabalho incansável de verdadeiros operários da informação. O Novo revelou uma geração de jovens talentos e recolocou no mercado profissionais experientes que já não atuavam em redações.
Embora tenha mudado com o tempo, com acentuada dependência da verba publicitária de governos e demais Poderes, a sociedade potiguar teve acesso à matérias e reportagens exclusivas sobre bastidores da política e acompanhou as transformações do Estado na última década através das páginas do Novo Jornal.
O tratamento recebido pelos antigos funcionários da empresa só reforça a tese de que não existe justiçaem negociação direta entre patrão e empregado no Brasil. É mais uma fake news embalada para presente na reforma trabalhista que, não por acaso, os antigos donos do Novo Jornal sempre fizeram questão de defender.
Os ex-funcionários demitidos pelo Novo Jornal criaram um blog e divulgaram um manifesto para a sociedade. Acesse aqui