Médica conhecida por divulgar notícias falsas faz protesto sem adesão em Natal contra vacinação de crianças
Natal, RN 23 de abr 2024

Médica conhecida por divulgar notícias falsas faz protesto sem adesão em Natal contra vacinação de crianças

4 de janeiro de 2022
5min
Médica conhecida por divulgar notícias falsas faz protesto sem adesão em Natal contra vacinação de crianças

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Conhecida pela divulgação de notícias falsas, a médica infectologista Roberta Lacerda foi às ruas de Natal nesta terça-feira, 4, para se colocar contra a vacinação para crianças de 5 a 11 por covid-19. Em vídeos divulgados nas redes sociais, a médica fala em um carro de som próximo ao Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), onde atua, e chama a vacina de ‘experimental’.

A vacina contra a covid-19 para crianças foi aprovada em dezembro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o imunizante da Pfizer, após a análise de dados científicos enviados pela farmacêutica. Segundo a equipe técnica da Agência, as informações avaliadas indicam que a vacina é segura e eficaz para o público infantil.

Apesar das evidências científicas, a infectologista Roberta Lacerda apresenta informações falsas em que diz que “muitas crianças estão morrendo após a aplicação da vacina nos Estados Unidos”.

Essa informação tem circulado em grupos de Telegram desde que a vacinação de crianças iniciou nos Estados Unidos, em novembro. Ela é atribuída ao site britânico The Exposé e um vídeo do médico Vernon Coleman. O portal The Exposé é conhecido por publicar textos com desinformação relacionada à covid-19.

O protesto desta terça-feira (4) já havia sido convocado pela médica na sua conta do Twitter. Ela convocou a população a protestar contra o passaporte vacinal. “Às ruas!!! Dia 4 de janeiro!!! Nosso novo dia de luta pela liberdade!!!”, escreveu Lacerda no Twitter na sexta-feira, 31 de dezembro. Apesar da convocação, a adesão foi mínima.

Os vídeos que registraram a médica foram feitos por volta das 10h. Horas depois, ela participou da audiência pública do Ministério da Saúde para discutir a vacinação de crianças, a convite da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL), também conhecida por distribuir informações falsas durante a pandemia.

A audiência fez parte de diversas consultas anunciadas pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para deliberação sobre a aplicação da vacina em crianças de 5 a 11 anos. Apesar da liberação pela Anvisa, da chancela de especialistas do próprio Ministério e da experiência internacional, o governo Jair Bolsonaro é contrário à vacinação desta faixa etária.

Infectologista ficou conhecida por dizer que ivermectina pararia pandemia
A médica Roberta Lacerda ficou conhecida por afirmar em entrevista a uma rádio local que a “a Ivermectina tem o poder de parar esta pandemia”. A declaração foi registrada em vídeo e postada no YouTube. A plataforma excluiu por entender que o conteúdo promovia desinformações sobre a covid-19.

Durante toda a pandemia, o uso do medicamento para o combate a covid-19 foi promovido por médicos bolsonaristas. Entretanto, ficou provado cientificamente que ele não tem eficácia contra a doença.

Na audiência pública, médicos defendem vacina para crianças
Além de Roberta Lacerda, participaram entidades e médicos ligados à pediatria que reforçaram a importância e a segurança de imunizar as crianças. O pediatra Renato Kfouri, representante da Associação Médica Brasileira (AMB), chamou atenção para a importância de não se aderir a "teorias da conspiração".

"Eu quero tranquilizar as famílias, os pais que estão aqui. Se a gente acreditar em teorias conspiratórias, que os órgãos internacionais querem matar nossas crianças, agem de má fé, querem colocar em risco a vida dos nossos filhos, fica realmente uma discussão muito desqualificada em termos de nível de entendimento”, afirmou Kfouri.

Kfouri também chamou a atenção para o fato de que a covid-19 matou mais crianças nos últimos dois anos do que todas as demais doenças infecciosas contempladas no calendário de vacinação infantil. Foram 2,4 mil vítimas - o que coloca o Brasil como o país com o maior número de crianças mortas pela doença. “Com a vacina desse público a gente evita mortes, evita efeitos longos da covid, complicações tardias, evita transmissão”, defendeu.

A vacinação de crianças está permitida em pelo menos 31 países de quatro continentes. A Pfizer é o imunizante presente em mais países, mas a Sinopharm, a Coronavac e a Soberana também estão sendo utilizadas para vacinar esse público.

Em todos os países em que a Pfizer está autorizada para vacinar crianças, a recomendação é o uso de duas doses, com intervalo mínimo de 21 dias, cada uma com 10 microgramas - quantidade menor que a utilizada em adultos. O volume a ser aplicado também é menor, de 0,2 mL.

As mesmas regras valem para o Brasil, que deve começar a vacinar as crianças este mês. Além disso, os frascos do imunizante serão de cor laranja para diferenciar das doses administradas em adultos e será necessário treinar profissionais de saúde para evitar eventuais erros.

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