RN tem aproximadamente 2 mil pessoas em situação de rua, aponta mapeamento
Natal, RN 28 de mar 2024

RN tem aproximadamente 2 mil pessoas em situação de rua, aponta mapeamento

12 de maio de 2022
5min
RN tem aproximadamente 2 mil pessoas em situação de rua, aponta mapeamento

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Os resultados do primeiro Censo da População em Situação de Rua no Rio Grande do Norte serão divulgados em julho, mas a Secretaria de Estado da Habitação e da Assistência Social (Sethas) divulgou nesta quinta-feira (12) dados preliminares. De acordo com a prévia, há cerca de 2 mil pessoas em situação de rua.

O trabalho foi realizado com a participação das secretarias municipais de assistência social, do Movimento Nacional da População em Situação de Rua no RN e do Serviço de Assistência Rural e Urbano (SAR). A partir disso, a Sethas concluiu que, no estado, há 41 municípios com população nessa condição, com predominância em Natal e na região do Trairi.

Os municípios com identificação de pessoas em situação de rua são Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Extremoz, Ceará Mirim, Brejinho, Montanhas, Touros, Caiçara do Norte, Poço Branco, Pureza, Canguaretama, Jardim de Angicos, São Miguel do Gostoso, Nísia Floresta, São José de Mipibu, Tibau do Sul, Vera Cruz, Nova Cruz, Serra Caiada, Guamaré, Macau, Afonso Bezerra, Angicos, Caicó, Acari, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó, Parelhas, São Fernando, Pau dos Ferros, Apodi, Patu, Umarizal, Mossoró, Grossos, Areia Branca, Serra do Mel, Carnaubais, Pendências, Parnamirim, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Assu e Natal.

A maioria é de homens pardos e pretos, com idades entre 18 e 59 anos, baixa escolaridade e que apresentam conflitos familiares e/ou uso abusivo de drogas, de acordo com a coordenadora da gestão do SUAS, Edvania Freitas.

“São pessoas que normalmente tem seus vínculos familiares fragilizados. A maioria é de homens, pardos, pretos, que passaram por separação ou morte de parentes, mas muitos com conflitos familiares”, explicou sobre o perfil mais encontrado.

A aplicação de questionários na capital, município com maior número de pessoas vivendo sem casa, deve ser concluída até final de maio, para consolidação dos dados.

O Projeto de Pesquisa e Inovação “Promoção dos direitos da população em situação de rua no Rio Grande do Norte: diagnóstico e intervenção nos caminhos de inovação no Sistema Único de Assistência Social”, mais conhecido como Censo da População em Situação de Rua, foi iniciado em julho de 2021 com a contratação de pesquisadores-bolsistas, em parceria com Fapern e Instituto Kennedy).

A base de dados do Cadastro Único apresentava 1.120 pessoas, número inferior ao já identificado na pesquisa. Os questionários têm 78 questões que são aplicadas pelos pesquisadores.

“Nós fizemos triangulação de informações a partir do que se tinha no Cadastro Único, das pessoas registradas nos municípios e do que a gente está identificando”, detalhou Edvania, ao defender que embora seja o primeiro trabalho desse tipo feito no estado, é visível o crescimento do número de pessoas nas ruas.

“A gente percebe que, sobretudo nesse contexto da pandemia, esse número de pessoas em situação de rua cresceu. E observa que para além das pessoas que vivem e dormem nas ruas, existe o aumento de famílias que estão em situação de vulnerabilidade e buscam as ruas pra doação de alimentos. A gente passa em alguns espaços onde tem distribuição de alimentação, material de higiene pessoal e há um grande volume de pessoas que vai em horários estratégicos”.

Desenvolvimento da pesquisa

Para a pesquisa, pessoas em situação de rua são aquelas que utilizam espaços públicos ou moradias não-convencionais (a exemplo de prédios abandonados) como local de dormida. Além disso, também são incluídas pessoas que habitam moradias de caráter provisório, a exemplo de unidades de acolhimento institucional e comunidades terapêuticas.

Para chegar ao conceito e a fim de otimizar o trabalho, a equipe de pesquisadores-bolsistas passou por formação interdisciplinar em diálogo com representantes do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR/RN).

“Tivemos várias reuniões para dialogar, opinar sobre os diagnósticos. Foi um processo muito importante e queremos parabenizar a Sethas, a todos os bolsistas, voluntários, equipe da secretaria que está envolvida no primeiro censo estadual. Foram momentos muito importantes de troca de ideias e conhecimentos. Um grande prazer participar desse momento”, disse o coordenador do MNPR/RN, Vanilson Torres.

O Movimento também está com o projeto “Ouvindo as Vozes das Ruas”, em parceria com o Serviço de Assistência Rural e Urbano: “Semanalmente vamos a praças, em vários locais, nas quatro zonas da cidade, ouvir as vozes das ruas, com metodologias diversas para ouvir as demandas, ver de perto e conhecer a realidade”.

O Censo e as ações de escuta, segundo Vanilson, vão “trazer possibilidades reais de políticas públicas para a população de rua do rio Grande do Norte”.

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