A credibilidade do PT

Eu não vejo o Roda Vida. Inúmeras são as razões, não tenho estômago para tantos algozes da democracia num só pacote, e principalmente sabendo que Vera Magalhães faz parte, ou comanda, sei lá. Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado do PT à presidência, foi o último entrevistado. Vi nas redes sociais, um dia ou dois depois, uma frase atribuída a ele, repito, não vi, em que ele afirma que o Partido dos Trabalhadores precisa recuperar a credibilidade. Minha admiração por Haddad não diminui por conta dessa, que acho uma frase infeliz. O PT, de um lado, nunca vai recuperar a credibilidade, suba e desça dessa possibilidade, esqueça meu querido e honrado petista. Por outro lado, o do povo, essa confiança nunca deixou e nem vai deixar de existir, de resistir, de gritar a plenos pulmões saindo em defesa da bandeira vermelha.

Quem precisa, convenhamos, recuperar a credibilidade são alguns dos bandidos que se travestiram de petistas, a maioria depois que o partido se tornou governo, e outros tantos que, mesmo tendo sido até mesmo fundadores, na verdade, na verdade, como muitos "esquerdistas" que conheço, estavam apenas usando partido, pois dentro ou fora dele continuam muito longe da essência do que é ser de esquerda, socialista, comunista, e não me venham idiotas falar de Fidel, Stalin, Mao e tantos outros ditadores ditos comunistas (se bem que nada tenho contra Fidel, acho que os EUA o obrigaram a ações radicais e talvez fizesse o mesmo em seu lugar), eu falo do comum para todos que pregava o Jesus dos cristãos e que prega hoje o papa Chiquinho, enfim, dos democratas de verdade, que abraçam tudo que diz respeito à verdadeira igualdade e liberdade em todos os sentidos e respeito à Constituição.

O PT nunca vai recuperar a credibilidade com esse empresariado tacanho, elitista, burro, que sempre viu o partido como inimigo, mesmo depois que os governos de  Luiz Inácio Lula da Silva terem  abarrotado suas burras de dinheiro e progresso; ou essa classe média imbecil, metida a classe A que nunca vai perdoar o maior presidente da história desse país por ter favorecido tanto os desvalidos e por todos os motivos, tantas vezes repetidos pela imprensa do bem (que existe) e que encheram as várias matérias de jornais, tevês, redes sociais, revistas - viagens, direitos, vida melhor, empregos, concursos, apoio, oportunidades, grandes obras, faculdades, IFs, estradas e, principalmente, esperança. E o que dizer da sebosa elite? Lulinha quase que acaba suas senzalas modernas, entre tantas porradas que eles levaram em seus governos, pois sua gestão sempre promoveu o respeito às condições de trabalho, mesmo não tendo chegado ao ideal. O governo do PT nunca vai merecer, ou mereceu, a credibilidade desses pústulas tacanhos, sem dúvida, afinal, como define o respeitabilíssimo jornalista Mino Carta, o Brasil tem a elite mais torpe de todo o planeta.

E o que dizer dessa imprensa, caro Haddad? Você acha que, um dia, figuras doentias como Reinaldo Azevedo, Marco Antônio Villa, Vera Magalhães, Josias de Souza, Alexandre Garcia, Diogo Mainardi, os grupos televisivos Globo, Band, SBT , serviçais um dia da apodrecida e criminosa ditadura militar; ou Estadão, Folha, Globo, jornalões e jornalecos, e todos os sacripantas da mesma linha,  um dia de suas vidas que sejam, vão admitir a remotíssima possibilidade de acreditar, de admitir credibilidade ao partido que sacode na cara deles que seus maiores anunciantes são, quase sem exceção, o mal maior desse Brasil? Nunca tiveram, evidente, por interesse, pois sabem que mal, ou bem, com infiltrados ou não, o PT foi o único partido do Brasil que já foi governo e fez exatamente aquilo que nunca tivemos em mais de quinhentos anos de descobrimento: um mínimo, do mínimo, do interesse em cuidar, de verdade, do povo brasileiro.

Querido Haddad, o PT nunca perdeu a credibilidade, até porque nem ligo para esses burgueses travestidos de politicamente corretos, que criticam duramente o governo do genocida repulsivo, mas ficam felizes mesmo, no caso de meu estado em especial, acompanho quase todo o dia,  quando espezinham a governadora mulher, vejam só, ainda mais do PT. A minha credibilidade, a credibilidade de minha gente humilde que não conseguia quitar sua casinha simples, mas com Lula sim; os meus conterrâneos que viam os filhos sem escolas, sem concurso, sem norte, sem futuro; os meus irmãos do sertão que passavam fome; os lutadores do campo, amargurados, fugitivos de coração partido, atacados pelas secas que pareciam sem remédio; as mães solteiras abandonadas, vilipendiadas, prostituídas pela necessidade; os negros perseguidos, assassinados, discriminados, desempregados, destroçados pela podre máquina branca; os índios das terras roubadas, expulsos, também dizimados, queimados em praça pública para diversão de monstros; os seringueiros, os guerreiros do MST (chamados de bandidos em quase todos os programas de rádio que escuto), solidários contra a fome, produtores de comida limpa regada com suor e sangue de tantos mortos que já enterraram em seu anos de luta; as mulheres, os movimentos LGBTs, enfim, esse mundo de gente do bem, esses, caro Haddad, o PT sempre terá sua credibilidade inalterada.É o que penso.

PS: Dedico esse texto pobre (bem queria que fosse mais rico, mais bem feito jornalisticamente) à governadora Fátima Bezerra. Essa mulher negra-índia (ou descendente), simples, corajosa, lutadora, que veio lá dos confins da Paraíba vizinha amada, sofrida igual, e que sempre teve sua luta pautada em defesa dos mais humildes. Foi assim como deputada e senadora, agora governadora; e que pegou um estado destroçado, falido, ingovernável, com salários atrasados, o que não acontecia desde o desgoverno de Geraldo Melo, e mesmo assim,  consegue fazer milagres. No entanto, não tem um dia que não receba ataques covardes de correntes podres que se unem - parte da mídia, prefeito da cidade, outros  políticos medíocres, empresários, comerciantes e, nas redes sociais, figuras dantescas discriminadoras, doentes mal amados seguidores de Bolsonaro e do psicopata 240, entre outros - para denegrir sua imagem.