Jair Bolsonaro colocou nesta quarta-feira (4) um humorista com a faixa presidencial para distribuir bananas aos jornalistas que cobrem diariamente o Palácio da Alvorada, no curral montado pela presidência onde Bolsonaro fala com admiradores antes de seguir para cumprir a agenda do dia.
Não por acaso, o humorista foi escalado no mesmo dia em que o IBGE divulgou o Pibinho do primeiro ano do governo Bolsonaro, na casa de 1,1%, o que significa dizer que o crescimento do país em 2019 foi menor do que nos dois primeiros anos da gestão Michel Temer e voltou ao patamar de 2013, ainda no governo Dilma Rousseff.
Como todas as polêmicas criadas pelo presidente, essa também surgiu para tirar o foco da principal pauta do dia. Com um agravante: é a mais clara humilhação à imprensa que insiste em apanhar e expor trabalhadores aos constrangimentos impostos pelo presidente do Brasil.
Os veículos de mídia tradicional já deveriam ter abandonado a prática de aguardar Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Ele fala o que quer, questiona perguntas, ofende repórteres e abandona entrevistas quando não gosta da indagação.
Mas os veículos insistem, como se esperassem pela mudança de um sujeito que jamais deu qualquer declaração espontânea no sentido de respeitar leis e o Estado democrático de Direito.
Vassala, a imprensa submete seus profissionais às maiores humilhações apenas em nome de um projeto econômico neoliberal que impõe prejuízos incalculáveis aos trabalhadores e trabalhadoras do país.
Não adianta publicar editorial contra o presidente e, no dia seguinte, voltar de cabeça baixa para o curral do opressor. Porque quem o faz, parafraseando o jornalista Millor Fernandes, mostra a bunda aos oprimidos.
E enquanto mostrar a bunda aos oprimidos se tratar de um projeto da mídia tradicional brasileira, qualquer humilhação ainda é pouca para essa gente.