Recentemente o prefeito Álvaro Dias afirmou que a pandemia estava sob controle em Natal e que ele estava tranqüilo. É com pesar que tomei conhecimento, pois a capital potiguar se situa no topo das piores do estado em todos os indicadores para a Covid.
Vamos enunciar abaixo esses indicadores, explicando o que significam e apresentaremos recortes para Natal, o RN, o RN sem Natal e o Brasil.
Casos acumulados por milhão ou incidência por milhão
Trata-se de um indicador que divide o número bruto de casos pela população da cidade, estado ou país multiplicando esse resultado por um milhão. Esse indicador permite comparar e identificar onde há proporcionalmente mais casos de Covid-19 acumulados.
Óbitos por milhão
Os óbitos por milhão são um indicador comparável aos casos por milhão, sua diferença está no fato de que em lugar de casos o indicador revela os óbitos.
Letalidade
A letalidade é um indicador que mostra quantos pacientes faleceram dentre os que adoeceram, após o que resultado é multiplicado por cem e se obtém um percentual.
Óbitos novos confirmados entre 01/03/2021 e 10/03/2021
No que toca aos óbitos confirmados ocorridos entre 01/03/2021 e 10/03/2021 e registrados no Boletim Epidemiológico do RN, dos 198 totais se originaram em Natal 70 óbitos, o que corresponde a 35% dos óbitos do período. A população da cidade, no entanto, corresponde a cerca de 25% da população do estado. Há pois uma quantidade de óbitos superior ao esperado.
Taxa de ocupação de leitos críticos
Outro indicador importante do status da pandemia, a taxa de ocupação de leitos críticos colapsou, conforme os dados do Regula RN (SESAP/RN e LAIS/UFRN), em primeiro lugar na Região Metropolitana que teve que ser acudida pela Central de Regulação Oeste e Seridó para diverso pacientes.
Parte do colapso atual dessas centrais interioranas se deve também ao afluxo de pacientes originados na capital.
Todos esses indicadores recomendam rigor extremo com a pandemia e endurecimento das medidas contra a difusão da pandemia.
Felizmente a população do RN respeitou com grande disciplina o toque de recolher estabelecido para domingo passado.
Entendo que o sucesso daquele domingo dia 7 de março, é a prova viva de que as medidas duras que se fazem necessárias poderão ser ampliadas com a adesão consciente, corajosa e informada dos potiguares.
A pandemia é prova duríssima e talvez o prefeito de Natal esteja precisando de umas férias.
* Ion de Andrade é médico epidemiologista da Escola de Saúde Pública do RN e pesquisador do LAIS/UFRN