A única justificativa para falta de vacinas é a “incompetência diplomática do Brasil”, avalia Margareth Dalcolmo
Depois da tragédia em Manaus, Brasil começa a vivenciar nova crise relacionada ao coronavírus, a falta de vacinas para dar continuidade ao Programa Nacional de Imunização. E não há nada que justifique esse cenário que não seja a “incompetência diplomática” do governo brasileiro, afirmou a médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo. A assertiva foi feita durante entrega do Prêmio São Sebastião, nesta terça-feira (19), no Teatro da Fundação Cesgranrio.
“É realmente inaceitável que, neste momento, no Brasil, acabamos de receber a notícia de que as vacinas não virão da China e não virão da Índia”, afirmou a cientista. Para ela, não se justifica que, neste momento, um país como o Brasil, a 10ª economia do mundo, não tenha vacinas disponíveis para a população.
Segundo a cientista, um acordo de cooperação foi feito, com o estabelecimento ponto a ponto desde agosto do ano passado e a Fiocruz “está com toda a sua linha de produção absolutamente pronta”, aguardando apenas o recebimento de um dos insumos para a fabricação da vacina Oxford/AstraZeneca.
O problema está na falta de agilidade do Itamaraty para viabilizar a vinda de matéria-prima da China para dar continuidade à produção do imunizante contra a Covid-19.
Em nota, a Fiocruz afirma que "embora ainda dentro do prazo contratual em janeiro, a não confirmação até a presente data de envio do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) poderá ter impacto sobre o cronograma de produção inicialmente previsto de liberação dos primeiros lotes entre 8 e 12 de fevereiro. O cronograma de produção será detalhado assim que a data de chegada do insumo estiver confirmada. Ainda que sejam necessários ajustes no início do cronograma de produção inicialmente pactuado, a Fiocruz segue com o compromisso de entregar 50 milhões de doses até abril deste ano, 100,4 milhões até julho e mais 110 milhões ao longo do segundo semestre, totalizando 210,4 milhões de vacinas em 2021".