Ativistas LGBT+ organizam em Natal 1ª doação coletiva de sangue
Natal, RN 28 de mar 2024

Ativistas LGBT+ organizam em Natal 1ª doação coletiva de sangue

28 de agosto de 2019
Ativistas LGBT+ organizam em Natal 1ª doação coletiva de sangue

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

O Coletivo LGTB+ Leilane Assunção promove no próximo sábado (31), em Natal, um dia de doação de sangue LGBT+. A ação é uma campanha de doação coletiva de sangue para o Hemocentro Dalton Cunha, no bairro de Tirol, próximo ao Parque das Dunas. A iniciativa ocorrerá das 9h às 11h30.

A campanha de solidariedade tem como foco conscientizar a população LGTB+ sobre a importância da doação de sangue, além de divulgar a recente decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), que proibiu o estado de se negar a aceitar doações de sangue devido à orientação sexual do doador. Por isso, a organização do Dia de D adotou o mote #DoaçãoSemDiscriminação.

A negativa se baseava na Portaria nº 158/2016 do Ministério da Saúde e na Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 34/2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), documentos que consideram inaptos homens que tenham mantido relações sexuais com homens nos últimos 12 meses. Na prática, a aplicação desses instrumentos normativos tem justificado o veto, por extensão, de doações de sangue de outros segmentos da população LGBT.

Para o pedagogo e ativista do Coletivo LGBT+ Leilane Assunção, Víctor Varela, um dos idealizadores da campanha, a decisão da justiça do Rio Grande do Norte é uma vitória, que não foi dada de presente à comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais:

“É, ao mesmo tempo, fruto de uma ação judicial que alguém que passou por LGBTfobia e não pôde doar o seu sangue, como das lutas que fazemos nas instituições, nas redes e nas ruas, todos os dias. Por isso, não podemos ficar só esperando decisões dos poderes judiciário, executivo ou legislativo de braços cruzados. Precisamos nós mesmos lutar parar dar um basta em tudo aquilo quer nos diferencia para nos explorar, oprimir, descriminalizar e tornar desiguais. Somos gente de luta, de todas as cores, uma gente marcada pela diversidade de nossas raças, gêneros, identidades gênero e orientações sexuais, mas nosso sangue é sempre vermelho”, afirmou.

O pedagogo Victor Varela é ativista LGBTQ+, fundador do coletivo Leilane Assunção e um dos idealizadores da campanha #DoaçãoSemDiscriminação

O coletivo Leilane Assunção afirma que a restrição não apenas era discriminatória, mas inviabilizava que parte da população doasse sangue, mesmo os hemocentros, tendo ficado, em muitas ocasiões, em situação crítica devido à baixa quantidade de doações em detrimento da quantidade de sangue em seus estoques.

Em dados mais recentes, divulgados no ano passado, o Ministério da Saúde constatou que apenas 1,6% da população brasileira doava sangue.

Além de integrantes do Coletivo LGBT+ Leilane Assunção, qualquer pessoa, LGBT ou não, pode participar da campanha dirigindo-se ao Hemocentro Dalton Cunho no dia e horário da atividade.

Quem pode doar

Parar doar, as pessoas precisam ter entre 16 e 69 anos e estarem em boas condições de saúde. Para pessoas com menos de 18 anos, há a necessidade de autorização do responsável. Além disso, é preciso pesar no mínimo 50kg, estar descansado, tendo dormido ao menos 6 horas nas últimas 24 horas, estar alimentado, tendo evitado comidas gordurosas nas 4 horas que antecedem a doação, e portar um documento de identificação com foto válido, pode ser RG, Carteira de Trabalho e Previdência Social ou mesmo Carteiras de Identificação Profissional com fé pública. Sem um documento de identificação com foto, a doação não pode ser realizada.

É recomendado, ainda, que o doador não tenha ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e que não esteja em jejum.

Seguem vigentes outras restrições para doação estabelecidas pela Portaria nº 158/2016, como o impedimento de doação por aqueles que tenham feito "piercing", tatuagem ou maquiagem definitiva, sem condições de avaliação quanto à segurança do procedimento realizado nos últimos 12 meses ou por que tenham tido hepatite depois dos 11 anos ou tenha sido diagnosticado com HIV.

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.