Big Brother Brasil
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31 de janeiro de 2019
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Sim, querido leitor e querida leitora, esse texto vai falar deste belo programa da TV brasileira: o Big Brother Brasil. Calma, essa coluna não mudou de assunto de uma semana para a outra, prometo que continuo tratando do mesmo tema.

“Já faz 84 anos” que não assisto uma temporada deste bendito reality show. Não é para pagar de mente evoluída, de “pessoa culta” ou qualquer coisa do gênero, até porque assisti várias vezes no passado, mas só por perda de interesse mesmo. Porém, contudo, entretanto, todavia as redes sociais - especialmente a melhor delas: o Twitter - não nos deixam exatamente distante do programa.

Dia sim e outro também aparecem na timeline alguns vídeos com legendas sugestivas, que apontam para discussões sobre cabelo crespo, cotas, negritude. Não vi quase nenhum, até receber um empurrãozinho da minha namorada e abrir o olho para o que tá rolando no “BBB sei lá qual número”.

Aparentemente de forma proposital, a Vênus Platinada colocou uma mulher e um homem negros, Gabi e Rodrigo, uma dupla muito bem preparada, com um bom nível de leitura, eloquentes, no meio de uma galera totalmente alheia à qualquer pauta da militância negra e a várias outras coisas que tenham relação com qualquer mínimo esforço intelectual (ufa, que esforço para ser eufemista…).

Resultado: uma coleção de vídeos de aulas didáticas de Gabi e Rodrigo desde refutação de questões básicas como falar “cabelo ruim” para cabelo cacheado ou crespo, até discussão sobre cotas e o uso de expressões como “humor negro”, passando pela origem da denominação “mulato (a) e o processo de branqueamento da sociedade promovido pelo Estado brasileiro junto à estigmatização e perseguição do povo negro, etc. Tem até um vídeo de “melhores momentos”, mostrando que a internet é boa quando quer.

Cada tópico desse é tão natural para boa parte da militância que chega a chocar o nível de ignorância de pessoas que vivem o ano de 2019, são aparentemente saudáveis, fazem as três refeições ou até mais e sabem ler. A mais destacada desse maravilhoso grupo, que parece até que é formada em Direito, veja só caro leitor e leitora, estava lavando a louça comentando sobre a incredulidade sobre o fato de um homem que esfaqueou a esposa não era “faveladão”, mas um “branquinho que morou na Austrália”. Um rapaz que acompanha a conversa conclui que o “branquinho” só podia ser “muito louco”.

Isto posto, a Globo joga na nossa cara, mesmo que o propósito de reunir essa galera tenha sido mesmo de gerar briga e polêmica, o quão distante todas essas pautas de luta, e mesmo o que não é diretamente uma pauta, como os fatos históricos envolvendo o povo negro que foram propositadamente relegados ao esquecimento, estão de chegar ao “grande público”.

Relegar espaços como o BBB e similares é um erro. Façamos como Gabi e Rodrigo, ocupemos todos. Eles podem ser o grande megafone que nunca tivemos.

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