Bolsonaro age politicamente e desautoriza compra de vacina contra covid-19
Natal, RN 28 de mar 2024

Bolsonaro age politicamente e desautoriza compra de vacina contra covid-19

21 de outubro de 2020
Bolsonaro age politicamente e desautoriza compra de vacina contra covid-19

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

O presidente Jair Bolsonaro continua agindo contra a saúde pública. Nesta quarta-feira (21), ele desautorizou a compra da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. O anúncio vem um dia após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, comunicar sobre a aquisição de 46 mil doses em reunião com os governadores dos estados.

“Toda e qualquer vacina está descartada”, disse o presidente a jornalistas nesta tarde. “Já mandei cancelar o protocolo de intenções. O presidente sou eu”, completou.

No Twitter, Bolsonaro escreveu em caps lock “A VACINA CHINESA DE JOÃO DORIA”, demonstrando mais uma vez que quando se trata de pandemia, a sua preocupação é apenas política.

Além de barrar o entusiasmo do governador de São Paulo, João Doria, com a vacina; a intenção por trás da medida de Bolsonaro é dialogar com apoiadores que lutam contra o fantasma invisível do comunismo chinês e acreditam em teorias da conspiração acerca do surgimento da doença no país asiático. O resultado mais provável será o aprofundando da crise diplomática entre o Brasil e o seu principal parceiro comercial.

“Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa”, declarou o presidente que fez propaganda indiscriminada a favor do uso da hidroxicloroquina, medicamente comprovadamente ineficaz contra a coovid-19.

A fala de Bolsonaro ignora também que o processo de aquisição aconteceria apenas quando o imunizante fosse aprovado e obtivesse o registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, como ressaltado por Pazuello.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria foi também às redes sociais nesta quarta-feira para dizer que “a vacina que for autorizada pela Anvisa será comprada pelo Ministério da Saúde”. A contradição com o chefe provavelmente é acidental, porque o potiguar tem se mostrado um dos mais súditos seguidores do presidente.

Fábio segue afirmando que a distribuição será gratuita “aos brasileiros que quiserem tomar, sem obrigatoriedade”, contradizendo aí a Lei Nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que menciona a realização compulsória de vacinação e outras medidas profiláticas e foi sancionada pelo próprio Bolsonaro.

Além disso, a obrigatoriedade da imunização já consta na legislação brasileira desde 1975. Vacinar é um dever previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e adultos estão sujeitos a sanções.

“Vivemos em um país democrático, governado por um Presidente que luta pela liberdade do povo. Isso significa que nós, brasileiros, temos o DIREITO de escolha. Ninguém pode impor vacina, sobretudo porque sabemos que vacinas seguras costumam demandar tempo. Na minha casa, não entram!”, Fábio Faria havia publicado na terça (20).

O Ministério já tem acordo com a AstraZeneca/Oxford, que prevê 100 milhões de doses da vacina, e outro acordo com a iniciativa Covax, da Organização Mundial da Saúde, com mais 40 milhões de doses. Somadas, as três vacinas – AstraZeneca, Covax e Butantan-Sinovac – representam 186 milhões de doses, a serem disponibilizadas ainda no primeiro semestre de 2021.

Governo do RN

A governadora do RN, Fátima Bezerra gravou comunicado sobre a alegria de ter mais uma compra das vacinas assegurada e após as declarações de Bolsonaro, voltou a se pronunciar.

“Volto a dizer: a reunião de ontem do fórum dos governadores com o ministro Pazuello, a Fundação Fio Cruz, o Instituto Butantan, a Anvisa e demais entidades, se inspirou nos princípios do SUS, de uma gestão compartilhada, sendo um exemplo de fortalecimento do pacto federativo. O que o povo brasileiro não pode e não deve aceitar é retrocesso! Que prevaleça a união e a responsabilidade com a defesa e a saúde das pessoas. E que o que foi pactuado ontem seja assegurado, que é a vacina gratuita para todas e todos os brasileiros”, publicou a governadora.

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.