Bolsonaro atacou imprensa uma vez a cada três dias em 2019
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Bolsonaro atacou imprensa uma vez a cada três dias em 2019

2 de janeiro de 2020
Bolsonaro atacou imprensa uma vez a cada três dias em 2019

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A imprensa é um dos principais alvos do presidente Jair Bolsonaro. A relação de animosidade com jornalistas e veículos de comunicação é anterior à campanha eleitoral e se aprofundou quando o ex-capitão do Exército chegou à presidência da República.  

De acordo com um monitoramento feito pela Federação Nacional dos Jornalistas o presidente desferiu à imprensa em geral 116 ataques em 2019. Uma média de 10 insultos por mês durante o último ano. A Fenaj aponta 11 ataques a jornalistas e 105 tentativas de descredibilização da imprensa. 

Só em dezembro ocorreram cinco do total de tentativas de descredibilização da imprensa, sendo quatro delas pelo Twitter, rede social usada como um dos principais meios de comunicação da presidência, em que Bolsonaro disse: “A RENDIÇÃO DA IMPRENSA. O Brasil vai bem, apesar dela. Bom dia a todos!”. 

O monitoramento feito pela Fenaj inclui apenas os pronunciamentos registrados por escrito nos meios oficiais do presidente, que são, além do twitter, as entrevistas e discursos transcritos no site do Planalto. Por isso, o número de ataques ao jornalismo é ainda maior que o já verificado até aqui. 

Violência contra jornalistas

No dia 20 de dezembro, por exemplo, Bolsonaro fez violentos ataques a jornalistas em entrevista na portaria do Palácio da Alvorada, de teor homofóbico e pessoal, a profissionais que estavam no local exercendo seu dever de ofício. Chegou a dizer que um dos repórteres teria “cara de um homossexual terrível”. No mesmo dia, em nota, a Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal ressaltaram que os ataques tentavam desviar o foco das denúncias que ligam a família e amigos do presidente a atividades criminosas. 

Outro caso de grande repercussão aconteceu quando o presidente afirmou, em café da manhã com jornalistas estrangeiros, que a apresentadora do grupo Globo Miriam Leitão mentia ao afirmar que sofreu abusos e foi torturada quando presa durante a ditadura militar brasileira. O fato levou a Rede Globo a se manifestar em nota durante o Jornal Nacional. 

Tanto a Federação quanto o sindicato também apelam às redações que reavaliem a decisão de deslocar repórteres para cobrir entrada e saída do Palácio da Alvorada, onde os jornalistas dividem espaço com apoiadores do presidente, que constantemente reproduzem, de maneira mais violenta, os ataques do chefe de Estado. 

Em 2018, os casos de agressões a jornalistas cresceram 36,36% em relação ao ano anterior. Foram 135 ocorrências de violência registradas pela Fenaj, entre elas um assassinato, que vitimaram 227 profissionais. A polarização do cenário eleitoral foi um dos fatores relacionados a esse aumento. Em 30 casos, os eleitores/manifestantes foram os agressores, sendo em 23 casos partidários do então candidato Jair Bolsonaro, e em sete apoiadores do ex-presidente Lula, que não chegou a ser candidato.

“As declarações do presidente alimentaram a hostilidade contra jornalistas neste ano de 2019. Alguns ministros também passaram a fazer uso dessa tática, e isso incentivou apoiadores do governo a perseguir os jornalistas nos meios digitais, com mensagens ameaçadoras e exposição de dados privados. É uma tentativa desesperada de enfraquecer o exercício do jornalismo, e de desviar o foco das denúncias contra o governo que vêm se somando desde o início de 2019”, diz Márcio Garoni, diretor da FENAJ.

Fonte: FENAJ

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