“Bolsonaro enxerga nos governadores uma resistência legítima aos seus apetites autoritários”, diz Flávio Dino
O governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) respondeu nesta segunda-feira (18) aos ataques sistemáticos de Jair Bolsonaro ao ser questionado sobre a pressão do presidente da República em relação à retomada da economia. Na avaliação dele, não há outra maneira de retomar a economia sem derrotar o novo Coronavírus. Dino criticou Bolsonaro, disse que o presidente está há dois meses priorizando uma agenda errada e a luta política contra aos governadores:
- Nós temos tido, infelizmente, o atraso e o retardamento na retomada da economia por conta da atitude do presidente da República. Ou seja, ele é o principal impedimento ao restabelecimento da normalidade porque está há dois meses com uma agenda errada tentando fazer o que ele não pode fazer: receitar remédio. Eu não discuto se o remédio A ou B é certo ou errado, não tenho aptidão nem competência técnica para isso (receitar remédio). Por outro lado, ele está há dois meses priorizando a luta política contra os governadores por uma razão simples: o presidente Bolsonaro não aceita nenhum tipo de controle contra suas vocações despóticas. Ele enxerga nos governadores uma resistência legítima a esses apetites autoritários. Bolsonaro não está colocando em primeiro plano a retomada da economia. Quem está defendendo a retomada da economia são aqueles que querem derrotar o coronavírus”, afirmou.
Flávio Dino fez questão de frisar que a retomada da economia passa por derrotar a pandemia. E defendeu as medidas adotadas pela maioria dos governadores nos estados como forma de frear a disseminação do vírus:
- A paralisação econômica não deriva de decretos de governadores. Se fosse assim, (a pandemia) não estaria ocorrendo na China ou na Europa. O que é preciso entender é que existe apenas uma forma séria e decente de retomar a atividade econômica: vencer a pandemia. Paradoxalmente, quem quer retomar a economia o mais rapidamente possível são aqueles que neste momento estão tendo a coragem de sustentar as medidas preventivas”, disse, numa referência aos colegas nos estados.
A premissa para que o comércio seja reaberto no país é a vida, destaca o governador maranhense. E questiona o segmento empresarial sobre a reabertura das lojas num cenários de agravamento da epidemia:
- Alguém acha que as cadeias produtivas as cadeias globais de oferta e demanda vão se estabelecer num contexto de grave pandemia ? Alguém acha que haverá investimento privado com pessoas morrendo ? Não há contradição, a não ser por uma falácia ideológica entre defender a vida e a economia. Só há um modo verdadeiro de defender a economia: é defender a vida, que é uma premissa para que a atividade econômica funcione”, disse.