Bolsonaro participa de atos pró-intervenção militar e provoca reações
Natal, RN 18 de abr 2024

Bolsonaro participa de atos pró-intervenção militar e provoca reações

20 de abril de 2020
Bolsonaro participa de atos pró-intervenção militar e provoca reações

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Enquanto o país enfrenta o avanço de uma pandemia sem precedentes na história recente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dobrou a aposta na crise política e institucional neste domingo (19) ao incentivar e participar de manifestações que pedem o retorno do AI-5 e ameaçam de fechamento o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.

Desprezando a confirmação de 38.654 casos e de 2.462 mortes, Bolsonaro manteve o tom desafiador aos governadores, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Supremo Tribunal Federal (STF) no seu discurso em frente à sede do Exército em Brasília e provocou reações dos mais diversos setores. Se o presidente marcou pontos com seus apoiadores mais radicais, entre lideranças políticas, do Judiciário de organizações representativas foi diferente.

Um grupo de 20 governadores divulgaram neste domingo uma carta à sociedade brasileira em defesa da democracia. Entre os chefes de Estados a endossar o texto está a governadora do Rio Grande do Norte Fátima Bezerra (PT).

Antes, pela sua conta no twitter, Fátima classificou os atos realizados em algumas cidades como “um ataque ao estado democrático de direito e à soberania de uma nação”. Para a única mulher eleita governadora, “atos como esses não só ameaçam a vida de todos que estão em isolamento, amedrontados por uma pandemia”.

Para Fátima, “a hora é de união e responsabilidade pela vida das pessoas. Partidarizar um momento como esse é inconcebível”.

O presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem sido acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de planejar um golpe contra ele, afirmou que enquanto o “mundo inteiro está unido contra o coronavírus, no Brasil temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo”. E “em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição”.

Para Maia, “pregar uma ruptura democrática diante dessas mortes é uma crueldade imperdoável com as famílias das vítimas e um desprezo com doentes e desempregados”.

O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, disse ser “assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King)”.

A postagem foi compartilhada pelo procurador da República e coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, e por seus pares, como o ministro Gilmar Mendes. Mendes também se manifestou e avaliou que “a crise do #coronavirus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática”, e utilizou a hastag #DitaduraNuncaMais.

Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso também se pronunciaram. Lula alertou que “a mesma Constituição que permite que um presidente seja eleito democraticamente têm mecanismos para impedir que ele conduza o país ao esfacelamento da democracia e a um genocídio da população”.

Para FHC, é lamentável que o presidente venha a aderir “a manifestações antidemocráticas. É hora de união ao redor da Constituição contra toda ameaça à democracia. Ideal que deve unir civis e militares; ricos e pobres. Juntos pela liberdade e pelo Brasil”.

Até mesmo o procurador-geral da República, Augusto Aras, nomeado pelo presidente mesmo sem fazer parte da lista tríplice enviada pela Associação Nacional dos Procuradores, criticou os atos contra o Congresso Nacional e pró-intervenção militar que aconteceram pelo país, incentivados por Jair Bolsonaro.

Aras disse que é preciso estar atento aos extremos que “enfraquecem a democracia” e reiterou discurso feito na sexta-feira (17), no qual disse que o Ministério Público deve velar “pela ordem jurídica que sustenta o regime democrático”.

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