O mais recente recuo de Jair Bolsonaro deixou numa saia justa deputados aliados do Governo que garantem que o presidente da República mandou o ministro da Educação suspender os cortes nos orçamentos das universidades e institutos federais. Pelo menos 12 parlamentares, entre eles os líderes de Patriota, Novo, Cidadania, PSL e PSC disseram que viram quando Bolsonaro pegou o telefone e ligou para Abraham Weintraub, mandando-o suspender os cortes de verba nas universidades.
Os deputados também relataram que logo após a notícia ser veiculada pela mídia o Chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni entrou no gabinete da presidência irritado, momento em que todos os parlamentares deixaram o local.
Minutos depois, a Casa Civil desmentiu a informação e a líder do Governo na Câmara dos Deputados, deputada Joice Hasselmann declarou que os cortes estavam mantidos porque o presidente sabia o que estava fazendo. Qualquer notícia contrária àquela seria “boato”.
Os deputados que presenciaram o telefonema de Bolsonaro para o ministro da Educação ficaram revoltados com a forma como o Governo conduziu o processo. O deputado capitão Wagner disse que não admitiria ser chamado de mentiroso:
“Não vou admitir, como aliado do governo, ser chamado ao Palácio do Planalto para tratar de uma questão séria como essa, presenciar o presidente da República pegar um celular, ligar para um ministro na presença de vários líderes partidários, e com todas as letras o presidente disse ‘a partir de agora o corte está suspenso’. Se o governo não sustenta o que o presidente disse na presença de doze parlamentares, não sou eu que vou estar por mentiroso perante a nação, perante a imprensa, não. O governo está demonstrando mais uma vez que está batendo cabeça. Como é que o líder do governo na Câmara estava presente, o líder do PSL, e aí vem a líder do governo no Congresso e diz que era boato? Quem foi que criou o boato? Com todo respeito que tenho ao presidente, não admito ser chamado de mentiroso.”