Brazil: onde a loucura é elogiada e a morte adorada
Natal, RN 23 de abr 2024

Brazil: onde a loucura é elogiada e a morte adorada

3 de junho de 2021
Brazil: onde a loucura é elogiada e a morte adorada

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Antes de mais nada o termo “loucura” é no sentido simbólico, e não se refere à doença em si, antes que os patrulheiros normativos se assanhem. Num país em que, em 24 horas, mais de DOIS MIL braZileiros morreram, o presidente da república decidiu, a pedido do presidente da corrupta Confederação Brasileira de Futebol (CBF), acolheu o pedido da não menos corrupta Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) de tornar, às pressas, o país sede dessa Copa que é sem graça e, no momento, no mínimo desimportante. Mas é a lógica do presidente que faz de tudo para que a pandemia faça uma espécie de “limpeza social”, exterminando os “covardes”, como ele mesmo diz.

O neofascismo brasileiro, renascido nas jornadas de junho de 2013, em oito anos tornou-se um dos mais infames grupo político do mundo, acrescentando a ignorância como uma de suas marcas principais e o termo “elogio da loucura” me parece adequada, com os devidos cuidados, para expressar o que acontece nesse país.

Não que a obra de Desiderius Eramus, que passou à eternidade como Erasmo de Roterdã, que em 1509 publicou, em Paris, “Encomiun Moriae” ou “O Elogio da Loucura” cujo conteúdo elogia o autoengano e a loucura, e se revela um exame satírico dos “abusos piedosos”, mas supersticiosos, da doutrina católica e práticas corruptas em partes da Igreja Católica Romana e a loucura dos pedantes. Quem sabe se Desiderius vivesse hoje no BraZil não escreveria um “elogio da loucura” tupiniquim?

A infâmia desse momento, onde parte da sociedade, pelo que se tem visto nas pesquisas, um quarto dela, mergulhou no delírio fascista do “pensamento Bolsonaro”, abraçando tudo que sai da cavidade situada na cabeça, delimitada externamente pelos lábios e internamente pela faringe, que muitos conhecem como boca, e que expele formulações fonéticas fétidas diariamente.

Como achar que a chusma que está no governo, desqualificada, tem a capacidade de formulação de políticas públicas, quaisquer que sejam elas? Seria, como o país viu ontem, o depoimento da curandeira que é a guru do governo no campo da saúde, cujo nome deverá ser lembrado nos anais da história desse país, a senhora Nise Yamaguchi, em que ficou demonstrado que a condução do combate a pandemia é feita basicamente numa mesa de bar, por pessoas que, além de suas mentes distorcidas pela ignorância, se baseiam no delírio genocida da “imunidade de rebanho” para “acabar com a pandemia”.

Claro que a senhora Yamaguche, apesar da sua importância como mentora de um não plano de governo de combate a pandemia, não é o único “cérebro” desse (des)governo. Lembremos que o Mandrião tem na sua raiz ideológica, o tresloucado Olavo de Carvalho, um falastrão amalucado que acabou se tornando o mentor ideológico de muitos que cercam o “mito”.

Essa gentalha tem ouvintes e seguidores por toda a parte, desde os chamados “homens públicos”, e basta olhar para o nosso espaço político, o RN, e veremos que os frutos putrefatos do bolsonarismo estão espalhados por toda a parte, desde jornalistas (sic) que formam uma matula mentirosa e asquerosa, defensora, em maior ou menor grau, do “bolsonarismo”; passando por prefeitos e vereadores oportunistas que agem como carrapatos desejosos das benesses do erário público, de forma direta ou indireta; deputados estaduais e federais que cacarejam asneiras em nome dessa cepa fascista e muitos “homens de bem” ou “pais de família”, pessoas pequenas, miseráveis, recalcadas e ressentidas, em todas as camadas da sociedade, que acham o que estamos passando de “normal”.

Se a loucura, no sentido simbólico, se tornou uma “normalidade” dentro das nossas relações sociais, há a emergência de defender a civilização, a racionalidade e a razão; acolher os que acreditam na vida; recuperar a débil democracia que tínhamos até 2016; e começar, a duras penas, a recuperar esse país.

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