BraZil: sem eira, nem beira
Natal, RN 24 de abr 2024

BraZil: sem eira, nem beira

8 de julho de 2020
BraZil: sem eira, nem beira

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Corria o ano de 1348, um ano depois da instalação na Europa, da Peste Negra, a versão mais furiosa da peste bubônica. O Papa Clemente VI, francês de nascença, atribuiu a praga à ira divina, o que teria feito surgir nos seguintes, a seita dos flagelados, que perseguiam judeus e professavam um fundamentalismo primitivo. Ele também procurou a opinião dos astrólogos para uma explicação. Um deles, Johannes de Muris, estava na a equipe que elaborou um tratado explicando a praga de 1348 pela conjunção de Saturno, Júpiter e Marte em 1341, e os médicos, baseados no conhecimento de então, aconselharam o Papa a cercar-se de tochas, que bloquearia a praga.

Pierre (nome da nascença de Clemente VI), com a pulga atrás da orelha, preferiu não se arriscar e fechou-se no castelo do papado, então em Avingon, botou as barbas de molho e sobreviveu à pandemia, que matou 1/3 da população europeia, o que hoje significaria a perda de 222 milhões de vidas.

A pandemia já levou 65.556 brasileiros à morte, contaminou 1.600.000 pessoas e certamente dos 978 mil recuperados, muitos levarão consigo sequelas dolorosas. No caso do RN, mais de 1.200 pessoas morreram e é sempre bom reafirmar que essas mortes tiveram no presidente da República, um dos mais fervorosos defensores da COVID-19 e um genocida em potencial.

Sabe-se, agora, que o servo do Ceifador, foi visitado pelo SARS COV-2, e com a sem-vergonhice própria de pessoas despersonalizadas, veio a público vociferar suas idiotices, mantendo a defesa do “isolamento vertical” e se dizendo “bem e disposto”, depois de ingerir a tal hidroxicloroquina, embora os olhos arregalados e a postura fixa, demonstrando insegurança e medo, tenham denunciado o “espírito” do Napoleão de Hospício, que anunciou galhardamente que iria se “recolher”.

Bolsonaro, mesmo tendo tido sintomas da pandemia, manteve sua agenda pública, o que revela a forma de como esse ser perturbado lida com a morte (dos outros). O mandrião não se conteve em espalhar o vírus e ao se dobrar sobre esse ser microscópico, fez o seu papel de genocida e continuou a estimular as pessoas a tomaram o remédio que TODOS os especialistas sérios dizem não ser relevante para o combate a COVID-19 e podem causar efeitos prejudiciais à saúde podendo levar as pessoas à morte, a hidroxicloroquina.

Bolsonaro deverá se recuperar sem muitas sequelas. Tem um aparato de saúde à sua disposição, coisa que a imensa maioria da população não tem, e deve-se entender como pilhéria, sua comparação da doença com a chuva. A empatia do safardana continua sendo zero e passa à população a ideia, já muito disseminada, de que “não vai pegar em todo mundo”, “já tivemos coisa pior”, “todo mundo morre um dia”, “se Deus quiser não me pega” e isso tem efeito devastador no isolamento social, cada vez menos levado em consideração.

Um país doente, abandonado pelo governo federal, desmoralizado na comunidade internacional e que vê rastejar pelos espaços sociais seres repugnantes, que gralham sua ignorância, recalque e ressentimento, precisará se recompor como Nação, o que não será uma tarefa nada fácil e enquanto o navio chamado BraZil estiver à deriva, com seu timoneiro torcendo para que ele afunde, serão os pobres, colocados na parte de baixo na pirâmide da vida, que pagarão caro pela escolha eleitoral.

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