Cabeça de porco deixada em cemitério atormenta moradores de São José de Mipibu
Natal, RN 29 de mar 2024

Cabeça de porco deixada em cemitério atormenta moradores de São José de Mipibu

19 de junho de 2018
Cabeça de porco deixada em cemitério atormenta moradores de São José de Mipibu

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Nem a Copa do Mundo, a violência urbana ou os festejos juninos foram suficientes para desviar a atenção dos moradores de São José de Mipibu do mais novo mistério da região: uma cabeça de porco deixada em frente ao portão do cemitério da cidade, nesta segunda-feira (18), vem atormentando a população local.

O que despertou a curiosidade geral no município do Rio Grande do Norte, distante 37 quilômetros de Natal, não foi apenas a cabeça do suíno. Com ela veio toda a crendice, ceticismo e superstição do povo da região. O fato inusitado gerou uma investigação coletiva via redes sociais que deixou muita gente acordada até mais tarde, ou talvez sem dormir.

A Agência Saiba Mais escalou o repórter Cláudio Oliveira, morador do município, para ouvir a população local e contar essa história. Como as testemunhas não quiseram se identificar, os nomes serão omitidos durante o relato. O que se viu foi uma avalanche de desinformação e preconceito.

No início da noite, por volta das 18h30, uma mulher desconhecida parou em frente ao portão do cemitério, localizado numa das praças do centro da cidade, balançou-o três vezes e foi embora deixando um embrulho para trás. Curiosas, as pessoas que estavam na praça não reconheceram a moça e foram investigar o material deixado no portão. Era uma cabeça de porco, envolvida em farofa, velas pretas e vermelhas.

Em outros tempos, muita gente temeria chegar perto do despacho. Mas os tempos mudaram, as pessoas queriam respostas e foi pela internet que o debate aconteceu com maior intensidade. O que era aquilo? Por que foi deixado ali? Num ímpeto, curiosos mexeram para ver o que tinha no interior da cabeça decepada do suíno. E logo encontraram a foto de um jovem casal.

Cabeça de porco deixada por mulher desconhecida

Pelas redes sociais, a notícia passou a circular rapidamente feito rastilho de pólvora, extrapolando os limites geográficos da cidade de aproximadamente 40 mil habitantes. Quem passava pelo local se aglomerava na praça para conferir a “encomenda” abandonada. Uns faziam perguntas, outros davam respostas, quem fez fotos compartilhou. Havia quem tirasse sarro da situação e os que preferiam recorrer à proteção divina e às orações. Houve até quem sugerisse consumir a iguaria mais tarde com cachaça.

Em meio às discussões, links com vídeos de rituais em que são usadas cabeças de porco eram compartilhados, numa tentativa macabra de contextualizar a iniciativa da mulher desconhecida que abandonou a suposta oferenda mexendo com o imaginário do povo.

Entre as religiões de matrizes africanas, o candomblé é quem costuma sacrificar animais. Ainda assim não é possível identificar se o despacho está ligado a algum ritual religioso.

A cada descoberta, mais perguntas surgiam. Quem era a moça e o rapaz da foto? Era algum feitiço para mantê-los juntos? Ou para separá-los? Feito por um deles ou por terceiros?

Em poucos instantes, com a notícia e as imagens circulando na velocidade da internet, identificaram o perfil da moça da foto em uma rede social, onde estava postada a mesma imagem deixada em frente ao cemitério junto à cabeça do porco. Começou a circular também a informação de que os jovens da foto eram de cidades vizinhas. Quem passava pelo local se aglomerava para conferir o ocorrido.

Mas foi um bilhete, também encontrado junto à cabeça, que levantou mais dúvidas. Com erros ortográficos - imediatamente identificados pelos usuários das redes sociais - estava escrito duas vezes o nome de um conhecido bar da cidade, seguido dos dizeres “de corpo e auma (alma)”, além do nome completo de um homem.

Ao longo da noite o assunto foi amplamente compartilhado entre os moradores. Alguns entusiasmados fizeram brincadeiras com a situação, outros mais reprimidos acreditaram que se tratava de feitiço perigoso. Algumas testemunhas passaram a acusar proprietários de dois bares concorrentes da cidade.

A mídia local, obviamente, não ficou de fora e registrou o fato que também foi publicado em páginas de outras cidades.

No final das contas, ainda não se sabe se o suposto despacho manteve ou manterá o casal junto. Não se descobriu a relação com o bar mencionado no bilhete, mas certamente o assunto continuará sendo discutido por algum tempo.

Até o amanhecer desta terça-feira (19), antes do portão do cemitério ser aberto, a cabeça do porco continuava no mesmo local. E quem passava ainda parava para conferir o novo fato já marcado como a mais nova lenda - para uns divertida, para outros, macabra - da cidade de São José de Mipibu.

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