Faltando menos de três semanas para as eleições, a campanha começa a ficar parecida com uma final de campeonato de futebol. Começa elegante, com troca de mãos e estratégias elaboradas, e chega à reta final com pancadas entre os adversários e todo mundo embolado na área para tentar um gol que evite a derrota.
No Rio Grande do Norte, a campanha para o Governo do Estado chegou, ou melhor, ultrapassou essa invisível e terrível linha divisória.
Do início cordial e propositivo entre os candidatos competitivos, senadora Fátima Bezerra (PT), ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT) e atual governador que tenta reeleição Robinson Faria (PSD), chegamos à fase em que algum dos candidatos, ou de suas assessorias ou aliados, joga bosta no ventilador na esperança que a sujeira altere algo do cenário do momento.
Testemunhamos o primeiro capítulo desta fase na semana passada, quando em uma entrevista na InterTV Cabugi, Robinson afirmou que o "presidente" da facção "Sindicato do Crime" declarou apoio à Fátima ao Governo repercutindo (e dando aval) a notícia falsa e um áudio que rodou famigerados grupos de Zap.
Quando se esperava que a assessoria de Robinson acudisse como bombeiros, veio a secretária de Segurança Pública do RN, delegada Sheila Freitas, jogar gasolina da fogueira. De maneira inacreditável (e leviana) ela afirmou que "Tão logo tomei conhecimento, entrei em contato com o Ministério Público e encaminhei a Cibele Benevides, do MP Eleitoral, porque esta pessoa que está descrita no áudio é um preso muito conhecido. Já o prendi diversas vezes. Eu reconheci a voz dele, reconheço a voz dele naquele áudio. Se o áudio é verdadeiro ou não tem que ser investigado. Ele está preso. Gravem um áudio e comparem. Pra mim, aquela voz é de Colorau".
Difícil não imaginar que tratou-se de uma estratégia elaborada para tirar votos de Fátima Bezerra. Já aconteceram coisas do gênero em carnavais (ops, em campanhas) passados, inclusive atingindo o próprio Robinson na reta final da campanha dele contra Henrique Alves, em 2014.
A própria Fátima foi vítima em pelo menos duas campanhas de "estratégias" bem baixas criadas, sabe-se, pelas assessorias de Wilma de Faria em 1996 e de Micarla de Sousa em 2008, ambas vencedoras da eleição para a Prefeitura de Natal.
Nas conversas entre jornalistas especula-se que "denúncias" envolvendo candidatos virão à tona nas próximas duas semanas. Talvez sem provas ou evidências, talvez sem veracidade ou credibilidade, mas quem precisa disso tudo quando se tem grupos de Zap ávidos por compartilhar notícias - verdadeiras ou não - sobre os candidatos adversários?
Eleitores e eleitoras que preparem nariz e estômago para as próximas semanas, que o esgoto do mau jornalismo, do jornalismo serviçal de intere$$e$ e das Fake News será aberto e os golpes virão cada vez mais abaixo da linha da cintura.