Carnaval e abandono
Natal, RN 29 de mar 2024

Carnaval e abandono

17 de março de 2019
Carnaval e abandono

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Não me atrevo mais a escrever sobre esse desgoverno miliciano, repulsivo, criminoso, corrupto e imoral e que, ao mesmo tempo se torna piada, escracho mundial e vergonha maior da história política de nosso Brasil. Nassif, PHA, Rômulo Rodrigues, Francisco Costa, Azenha e Zé de Abreu, nosso presidente, e dezenas de grandes nomes das artes já escancararam todos os seus absurdos e, claro, ainda vão mostrar muito mais. Deixa eu falar daqui, do meu rincão triste, do prefeito do "Pão e Circo", nesse caso, somente circo, na verdade, apenas Carnaval. Elogios para Álvaro Dias...Elogios?

Eu quero carnaval, eu gosto de carnaval, essa festa faz bem à alma, ao povo e também aos cofres do município, pois é um evento que impulsiona o turismo de nossa cidade. Lindo o Beco da Lama redecorado com o talento de artistas maravilhosos. Vale viver esse assanhado momento de revitalização do Centro da Cidade (ainda falta Praça Padre João Maria, Santa Cruz da Bica, André de Albuquerque) e a Ribeira. A Ribeira, minha gente. Sim, mas e o resto?  E a saúde, a educação, a segurança?

Nesses dias, acho que quarta ou quinta-feira, um amigo de falava sobre o primeiro dia de aula no CMEI José Alves Sobrinho, no Bairro Vermelho. Primeiro dia de aula, mês de março, atraso de mais de 30 dias, e já não aconteceu. As mães e pais tiveram que levar seus filhos de volta para casa, faltou a auxiliar.  E mesmo se a auxiliar não tivesse faltado o turno só duraria até às 9h30, pois não tinha merenda. O pior, minha gente, é que esse problema vem desde os anos passados da gestão de  Carlos Eduardo Alves. Sem que denúncias e cobranças sejam feitas. Por quê, não?

Num outro segmento, um sambista conhecido de Natal, funcionário da Prefeitura, vejam só, um sambista, irritado, revoltado, pois o dinheiro gasto no Carnaval fora tirado, boa parte,  da sua secretaria de combate à proliferação de ratos, entre outras pragas. Numa matéria, creio, falaram de Ponta Negra, o que na verdade nunca aconteceu. Esqueceram as praias de Miami, Areia Preta, Artistas e Meio, essas últimas absolutamente tomadas por todo o tipo de agentes poluidores, além é claro, dos roedores que se multiplicam de forma espantosa.  É justo ter Paralamas, Titãs, Ricardo Chaves, Sidney Magal a esse preço?

Para acabar de escancarar tudo, chuvas e trovoadas como fazia tempo não se via por essas bandas assustam os moradores da cidade nos últimos, talvez, não sei, mas acho que sim, com mais intensidade aqui mais próximo do litoral. Água para lavar a cidade ? Não para desnudar  ainda mais a sujeira e abandono relegadas as praias de nossa orla dos mais pobres. A cada 100 metros uma boca de esgoto  derramando, lixo, lama nas águas do mar e que engrossam com mais lixo ainda (plásticos criminosos) deixados por banhistas mal educados na beira-mar.

Esse é  o retrato de uma parte de nossa cidade que poderia ser uma das mais lindas, pois é naturalmente deslumbrante e única, mas está podre, decadente, abandonada. Calçadas esburacadas e tomadas por fezes de animais (essas calçadas foram reparadas uma, duas, três, quatro, cinco, seis, umas dez vezes e, todas elas, custando milhões aos cofres da Prefeitura, dinheiro de nossos impostos); banheiros fétidos, portas quebradas, mais dejetos humanos no piso, louças quebradas.  Mesmo que ao longo dessas calçadas já citadas nos deparemos com placas de promessas de serviços de reparação, conservação, melhoras com os preços mais que absurdos, ainda mais quando os resultados não são vistos, nem mesmo pelo Ministério Público.

Os banheiros, abandonados pelas empresas contratadas para manutenção e limpeza por falta de pagamento, agora, são espaços usados  para consumo de drogas e sexo entre os mesmos usuários. E tudo isso protegido pela escuridão, pois as lâmpadas de led (lembro do então secretário Raniere Barbosa atestando sua qualidade e durabilidade) no alto de postes enferrujados, abandonados, sem manutenção nenhuma, em sua grande maioria, não mais funcionam.

Qualquer turista que tiver a má ideia de parar para admirar, tirar uma foto da estátua de Iemanjá (de mão arrancada pelos dementes pentecostais), corre o risco de ser atropelado por uma corrida de gabirus pelas areias, pelos cantos das barracas amontoadas, animais nocivos que espalham suas fezes e urinas transmissoras de doenças que matam. É terrível, mas é a realidade de nossos cartões postais

Nada de urbanização, organização, diria até nada que pareça uma praia de civilização. Na beira da praia quiosques que mais parecem a imitação dos barracos que vemos nas favelas mais pobres, com suas mesas, cadeiras e guarda-sóis encravadas na areia, quase dentro d`água, acho, para que eles fiquem longe de suas cozinhas improvisadas. Por fim, para acabar de compor esse espetáculo de total descaso, as muitas "academias ao ar livre" que, instaladas para a prática saudável de exercício das comunidades carentes, agora, sem manutenção, não passam de amontoados de peças quebradas, corroídas pela maresia e, muito mais, pelo completo abandono da secretaria responsável.

Confesso, desse jeito, se é para ser assim, prefiro acompanhar um bloco de sujo, de papangus, de mascarados errantes, mulambentos, sambando ao som de uma bateria feita de latas. Não quero o maravilhoso carnaval do prefeito a esse preço.

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