Carta enviada pela Pfizer ao Governo Federal oferecendo vacina ao Brasil passou dois meses sem resposta
A carta da Pfizer oferecendo vacina contra a covid-19 ao Brasil, enviada em setembro de 2020, passou dois meses nas gavetas do governo federal, sem qualquer resposta à fabricante do imunizante. Apenas em novembro, o ex-Secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, entrou em contato com a empresa.
A carta foi enviada ao presidente Jair Bolsonaro; ao vice-presidente, Hamilton Mourão; ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Wajngarten só teria procurado a carta porque o dono de uma emissora de televisão soube da correspondência e questionou o ex-Secretário. O empresário era Marcelo de Carvalho, proprietário da Rede TV, que tinha uma funcionária casada com um dos executivos da Pfizer.
Wajngarten também teve dificuldade em responder o motivo do governo Bolsonaro não ter editado Medida Provisória autorizando a compra das vacinas, já que utiliza a insegurança jurídica para justificar o atraso na compra dos imunizantes. A medida provisória só foi editada em janeiro de 2021.
Em depoimento, Wajngarten também falou que, em novembro de 2020, entrou em contato com a Pfizer e com o presidente da República, que despachava com o ministro Paulo Guedes. Na conversa, ficou definido que assim que fosse aprovada pela Anvisa, o governo faria a compra. Entre a carta da Pfizer e a publicação da medida provisória, se passaram seis meses. A MP só foi publicada em janeiro de 2021.