Casos de feminicídio no RN inspiram espetáculos teatrais
Natal, RN 26 de abr 2024

Casos de feminicídio no RN inspiram espetáculos teatrais

23 de novembro de 2018
Casos de feminicídio no RN inspiram espetáculos teatrais

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A crueldade da violência contra a mulher no Rio Grande do Norte tem chamado a atenção de realizadores culturais. As peças de teatro “Mulheres Invisíveis” e “Pelo Pescoço” retratam crimes de feminicídio que aconteceram em 2015, quando foram registrados 11 casos, e 2016, que teve 19 assassinatos de mulheres com características de violência doméstica e/ou gênero, de acordo com o Observatório da Violência Letal Intencional no RN, Obvio.

Mulheres Invisíveis

Patrícia, 37 anos; Antônia, 32 anos; Maria da Conceição, 21; Maria Daiane, 20; Cássia, 17. Mortas em julho de 2015 no município de Itajá (RN), elas inspiram o espetáculo “Mulheres Invisíveis”, do grupo Estandarte, que está em cartaz no Tecesol. No próximo final de semana, dias 23 e 24, as apresentações começam às 19h.

Os ingressos serão vendidos no local, 1h antes do inicio do espetáculo, a R$ 20 e R$ 10 (meia).

O texto de César Ferrario surge como provocação diante do silêncio que acompanha casos de feminicídio como esse. Até hoje o caso não foi completamente solucionado.

“O principal acusado tá preso. Mas falta algumas peças desse quebra-cabeça. E outro detalhe é que o crime ainda está tipificado como homicídio e não como feminicídio”, ressaltou Lenilton Teixeira, que divide a direção com Jefferson Fernandes e teve o insight ao ler uma crônica da jornalista Sheila Azevedo que comparava a cobertura jornalística da chacina e a apreensão de 146 galos de rinha.

“Percebemos o modo como a sociedade deu mais destaque ao abate dos galos do que a morte violenta das cinco mulheres. Foi então que começamos a nos perturbar e a não querer silenciar sobre o feminicídio”.

Por isso, a narrativa também busca analisar o papel da imprensa na divulgação de crimes como esse. Na época, palavras como “cabaré”, “bordel”, “prostitutas” e “garotas de programa” foram exaustivamente usadas para qualificar as vítimas.

O grupo busca ao reinventar a história das cinco mulheres assassinadas, procura revelar os próprios traços da barbárie humana. Ao mesmo tempo, essa mirada explora vestígios e procura juntar pedaços dilacerados de sonhos e itinerários interrompidos destas mulheres, cujas narrativas possíveis não cabem, simplesmente, na designação de prostitutas.

No palco: Dinha Vitor, Mayara Pontes, Marinalva Moura, Thémis Suerda, Thayanne Percila ressuscitam a história das mulheres mortas naquela madrugada. A música ficou por conta de Luiz Gadelha.

“Mulheres Invisíveis é o segundo espetáculo de uma trilogia do Grupo Estandarte que se refere àqueles que se encontram à margem da sociedade. O primeiro espetáculo foi “Desaparecidos”, sobre o rapto de cinco crianças no bairro Planalto da cidade do Natal/RN, entre os anos de 1998 e 2001. O terceiro levará ao palco histórias de trabalho escravo.

A montagem do espetáculo contou com financiamento coletivo.

Foto: Daniele Araújo

Pelo Pescoço

“Pelo Pescoço” é uma instalação cênica com performance em dança de Ana Claudia Viana. É um experimento que desdobra a obra plástica de mesmo nome, que tem como protagonista um personagem antropozoomórfico - cabeça de girafa e corpo de mulher, do artista visual Daniel Torres.

O título se refere a dois crimes que ocorreram no estado em menos de 24 horas e foram noticiados juntos em março de 2016. Duas mulheres mortas pelo pescoço: Síntia Nádia, de 25 anos, foi asfixiada em São Gonçalo do Amarante, e Jacilene Francisca, 31 anos, atingida por um tiro em Natal.

A próxima apresentação será durante o Circuito Cultural Ribeira, no Espaço a3, a partir das 19h30 do domingo (09).

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