Centro-esquerda se une em defesa do direito de Lula participar das eleições
Natal, RN 23 de abr 2024

Centro-esquerda se une em defesa do direito de Lula participar das eleições

24 de janeiro de 2018
Centro-esquerda se une em defesa do direito de Lula participar das eleições

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Na véspera do julgamento do ex-presidente Lula pelo Tribunal Regional da 4ª Região, seis partidos de centro-esquerda se uniram de forma inédita na defesa da participação do maior líder popular da América Latina nas eleições para a Presidência da República em outubro. Políticos do PSB, PDT, PCO, PC do B, PSOL, além do próprio PT discursaram para mais de 70 mil pessoas na Esquina Democrática, região histórica no centro de Porto Alegre. O senador Roberto Requião (PMDB) também externou seu apoio.

Mais de 500 caravanas de todo o país estão na capital gaúcha para acompanhar o julgamento no TRF4 nesta quarta-feira (24). Entre os convidados a subir no palanque haviam dois possíveis concorrentes do ex-presidente nas eleições. A gaúcha Manuela D’Ávila, já lançada pré-candidata pelo PC do B, e o líder do movimento dos Trabalhadores Sem Teto Guilherme Boulous, que deve concorrer à presidência pelo PSOL. Representantes de países como Uruguai, Itália, Portugal, República Dominicana, Paraguai, Costa Rica, Argentina e da Venezuela vieram prestar solidariedade a Lula. A presidenta eleita Dilma Rousseff também discursou. O cantor e compositor paraibano Chico César e a cantora Ana Canãs participaram da manifestação.

No discurso de todos os convidados, a maioria deputados e senadores, a defesa da democracia e da honra do ex-presidente Lula, condenado há 9 anos de prisão pelo juiz Sérgio Moro num processo questionado pela maioria dos juristas do Brasil e do exterior. Havia uma expectativa sobre a participação ou não do petista no ato público desta terça-feira (23), mas a confirmação ainda na segunda-feira ajudou a ampliar a mobilização popular e aumentou a pressão sobre os três juízes que decidirão se confirmam ou não a sentença de Moro.

O ex-presidente Lula chegou à Esquina Democrática por volta das 18h e aguardou mais de uma hora para iniciar o discurso. Quando pegou o microfone, o petista afirmou que não falaria sobre o processo do qual é acusado. Ao contrário, Lula falou sobre um Brasil diferente do atual, um país que ele se orgulha de ter ajudado a construir e que levantara a autoestima dos brasileiros. Inspirado, o ex-presidente brincou com a plateia e direcionou suas críticas para a elite do país e para a imprensa tradicional.

- A imprensa brasileira não tem nenhum compromisso com a verdade, é uma imprensa mentirosa, que não respeita as famílias, que não respeita as crianças, que se protege escondendo as coisas com eles próprios. Leiam o New York Times ou o El País que têm matérias que a imprensa covarde do Brasil não tem coragem de produzir. Tenho pena dos jornalistas que trabalham aqui no Brasil. A imprensa é obrigada a falar em desenvolvimento que não está nem no salário do jornalista.

O ex-presidente chamou de “complexo de vira-latas” o sentimento da elite brasileira em relação à outros países, a exemplo dos Estados Unidos.

- Eu não posso me conformar com o complexo de vira-lata que tomou conta do nosso país. Eu não posso me conformar com uma elite subalterna que quer falar grosso com a Bolívia e fala como um gatinho com os EUA, a última elite que acabou com a escravidão no nosso continente, somos o último país da América do Sul a ter uma universidade federal.

 Mirando a comunidade internacional, Lula falou sobre o sonho de integrar a América Latina. Parlamentares da Argentina e do Uruguai acompanhavam o discurso próximo ao palco.

- Eu sei o que foi o sonho de construir uma grande pátria na América Latina. Em Mar del Plata acabamos com a Alca e fortalecemos o Mercosul. Eu sei o que significava a criação dos BRICS, o que significava a gente fortalecer nossas relações com a África. Eles nunca aceitaram que o Brasil fosse soberano.

Ao citar que o governo Temer vem destruindo programas como o Proune, o FIES e o Ciência sem Fronteira, Lula ressaltou os investimentos em Educação durante o período em que ele e Dilma Rousseff governaram o país. E adiantou que, caso seja eleito em outubro, editará uma medida provisória proibindo falar que investimento na área seja um gasto.

- Não existe na história da humanidade nenhum país que conseguiu se desenvolver comercialmente, tecnologicamente sem antes investir muito na educação. Vou editar uma medida provisória e será proibido falar em gasto quando se fala em educação nesse país.

Ex-presidente Lula discursa na Esquina Democrática ao lado da sucessora Dilma Rousseff

Por quase meia hora, Lula discursou sobre um país que espera governar novamente, sem interferência política do judiciário e da imprensa tradicional. Em mais uma frase de efeito, já no final, falou novamente de sua honestidade e inocência num processo eivado de críticas e sem provas.

- Eu duvido que tenha um magistrado mais honesto que eu neste país. Eles sabem que se tem alguém que sabe cuidar do Brasil e do povo, somos nós.

Ovacionado por mais de 70 mil pessoas, o ex-presidente deixou o palco improvisado em cima do carro de som por volta das 20h30 e seguiu direto para São Paulo. Lula acompanhará o julgamento e o desenrolar dos acontecimentos ao lado da família em razão do aniversário de um ano da morte da ex-primeira dama Marisa Letícia. Independente do resultado do julgamento, a direção do PT já avisou que vai lançar, no final da tarde desta quarta-feira, a pré-candidatura do ex-presidente Lula à presidência da República.

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