Cine Verão – Festival de Cinema da Cidade do Sol começa hoje (20) com 40 curtas e uma estreia
Natal, RN 24 de abr 2024

Cine Verão – Festival de Cinema da Cidade do Sol começa hoje (20) com 40 curtas e uma estreia

20 de janeiro de 2021
Cine Verão – Festival de Cinema da Cidade do Sol começa hoje (20) com 40 curtas e uma estreia

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O verão chegou com as costumeiras temperaturas altíssimas na cidade do sol, que esse ano deve ter praias menos movimentadas (assim espera-se) por causa da pandemia do novo coronavírus. É, justamente, nessa época que há quatro anos é realizado o projeto “Cine Verão – Festival de Cinema da Cidade do Sol”, mas pra evitar as aglomerações, em 2021 o evento vai ser todo virtual.

Pra facilitar a vida de quem não tem muita intimidade com plataformas de streaming ou já não aguenta mais ter que se cadastrar, fazer login e senha pra assistir a um bom filme, a organização do Festival deixou tudo bem fácil, simples e gratuito. De hoje (20) até a próxima sexta, 22 de janeiro, serão exibidos 40 curtas entre produções potiguares e nacionais, divididos em duas mostras: a Cine Verão Poti e a Cine Verão Brasil. A curadoria do festival que é formada por seis pessoas, recebeu mais de 350 filmes de todo o país e teve trabalho para fazer a seleção.

“Não precisa se cadastrar, tentamos facilitar ao máximo possível o acesso do público. É só clicar e curtir. Recebemos filmes do Mato Grosso ao Pará, da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, etc. Então temos uma visão muito legal dos realizadores de outros estados. Temos filmes de ficção a documentários, animação, além de filmes experimentais que brincam um pouco com a linguagem”, adianta Nathália Santana, diretora geral do Cine Verão.

Além dos 40 curtas, também serão disponibilizados quatro debates com os realizadores. Todos os anos, a organização do Festival faz o lançamento de um filme na sessão Première. Dessa vez, o escolhido foi “Cabeça de Luz”, que tem direção de Carito Cavalcanti e Fernando Suassuna. Mas, muita atenção porque o filme estará com o link de acesso aberto apenas temporariamente, enquanto o Festival estiver acontecendo.

“O interessante desse filme é que ele foi produzido nesse contexto da pandemia e fala sobre o cinema. É meio que uma homenagem a essa arte nesse tempo de isolamento. Convidamos o Cabeça de Luz para estrear dentro Festival pela beleza dele em retratar esse momento tão específico e por fazer essa homenagem ao cinema, que foi um instrumento que nos salvou da insanidade. Vimos um grande boom das plataformas de streaming, do consumo de audiovisual. Colocamos em destaque um filme que traz esse contexto de pandemia e o cinema como protagonista”, explica Nathália Santana.

Com atividades coletivas restritas, a realização do festival só foi possível graças a Lei Aldir Blanc, através de edital da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), da Prefeitura de Natal.

Foto: Brunno Martins

Sessão Première – Cabeça de Luz

Imagem: cedida

Cabeça de Luz é um filme dirigido por Carito Cavalcanti e Fernando Suassuna. A dupla já tinha sido premiada em 2020 em um Festival na Índia com “O morador do 1101”, um falso documentário que se revela uma ficção e surpreendeu pela inovação na linguagem.

Mais uma vez, a dupla de realizadores surpreende na construção do filme que estreia no Cine Verão – Festival de Cinema da Cidade do Sol à medida que a produção, que aconteceu de forma remota e contou com a contribuição de várias pessoas com algo em comum, a paixão pelo cinema.

“Foi uma cineterapia entre nós. Enviávamos a pergunta e as pessoas davam seus depoimentos em áudio, o resultado foi muito incrível. Nós pedimos a vários conhecidos que falassem sobre como o cinema estava sendo importante para eles nesse momento de isolamento. Sem saber, essas pessoas foram conversando entre si com a montagem do filme”, explica Carito Cavalcanti, sobre o processo de construção do roteiro que aconteceu de forma mais solta.

Com o distanciamento social, aliás, a criatividade foi mesmo necessária para construir o filme e evitar as repetições, já que todos estavam no mesmo contexto de isolamento.

Para resolver o filme esteticamente, começamos filmar ao redor de casa, no conceito de filme-ensaio, que comunga com a ideia do acaso virar filme, o que permite que o próprio processo alimente o filme, tanto nas filmagens, quanto na montagem. O roteiro e a ideia são apenas pontos de partida. Fizemos da falta de recursos, um recurso. Da limitação, um estímulo à criatividade”.

A poesia, presente nas imagens e no texto ao longo do filme, parecem costurar trajetórias e narrativas que se encontram e se amparam, de certa forma, no acaso da vida de cada pessoa que tem na solidão uma companhia.

“Sempre lembro de uma frase do poeta Ferreira Gullar que diz que a arte existe porque a vida não basta, e outra de Nietzsche que diz: a arte existe para que a realidade não nos destrua. Isso vem a calhar nesse momento de pandemia em que as pessoas tiveram que ficar em casa, outras morreram, inclusive, pessoas próximas. É nesse estado que envolve tanto a saúde física, quanto a mental, que a arte se mostra importante até como um exorcismo. Assistir filmes foi até mais importante agora do que antes, porque tivemos algo em que nos agarrar”, avalia Carito.

A afinidade entre os diretores do filme é antiga. Remonta à adolescência, quando Suassuna e Carito, além de apaixonados por cinema, tocavam em bandas de rock.

“Ele tocou em mais de uma banda de rock que criei nos anos 80 e 90, o Fluidos e o Modus Vivendi, que foram seminais, inaugurais no cenário da cidade. Nessa época, já assistíamos muitos filmes juntos, nossa formação enquanto cinéfilos aconteceu em paralelo à movimentação da cena rock em Natal. Nos reencontramos em um novo momento há alguns anos e começamos a realizar algumas coisas juntos. Com a pandemia, naturalmente, demos continuidade a uma prática do nosso cotidiano, que é essa troca de ideias”, conta Carito Cavalcanti.

O título “Cabeça de Luz” acabou surgindo por causa de um depoimento de Gustavo Lamartine, vocalista da banda Dusouto, que abre o filme. A canção fala sobre pertencimento, o que na visão dos diretores, casa com a angústia deixada pelo distanciamento e a necessidade do contato humano.

O filme é resultado de várias pessoas que procuram essa luz, que não querem ficar na escuridão”, resume Carito.

Assista aqui ao Cine Verão – Festival de Cinema da Cidade do Sol

Assista aqui à Sessão Première

CABEÇA DE LUZ - Documentário experimental (08’08”)

SINOPSE:

O distanciamento para tentar conter a pandemia confina milhões de pessoas em suas casas. Privadas do mundo exterior e do convívio social, a arte - em especial o cinema - é uma das formas de transcender esse limite que se impõe aos corpos físicos. Em vários depoimentos gravados e enviados via smartphone, Cabeça de Luz mostra que a sétima arte nunca foi tão necessária quanto agora.

O filme Cabeça de Luz foi realizado de forma independente entre abril e junho de 2020, em dezembro foi contemplado com recursos da Lei Aldir Blanc - Fundação José Augusto, na categoria Protagonismo Cultural no Edital 05/2020.

FICHA TÉCNICA:

Direção e Roteiro: CARITO CAVALCANTI E FERNANDO SUASSUNA
Montagem e Desenho de Som: FERNANDO SUASSUNA
Trilha Sonora Original: FERNANDO SUASSUNA E ELSON TEIXEIRA
Fotografia: CARITO CAVALCANTI, FERNANDO SUASSUNA, WALLACE SANTOS, ALÉXIS RÉGIS E JOCA SOARES
Finalização: LEVI HERRERA
Projeto Gráfico: GUSTAVO LAMARTINE
Música Inicial e Final: Cabeça de Luz (DUSOUTO)
Produção Executiva: ARLINDO BEZERRA

Depoimentos: ADELIA DANIELLI, ALEX DE SOUZA, ALÉXIS RÉGIS, BABI BARACHO, CARLOS SEGUNDO, CARITO CAVALCANTI, DÊNIA CRUZ, FLÁVIA ASSAF, FLÁVIA GROSSMANN, FERNANDO SUASSUNA, GEORGE LEIROS, GISA GREINER, GUSTAVO GUEDES, GUSTAVO LAMARTINE, IEDJA SANTANA, ISAAC RIBEIRO, JEFFERSON DUTRA, LIANE MEDEIROS, PABLO CAPISTRANO, PAULO JORGE DUMARESQ, LOURIVAL ANDRADE, REGINA AZEVEDO, RUY ROCHA, SIHAN FELIX, VALÉRIA OLIVEIRA. WALLACE SANTOS

Esse filme foi realizado de forma independente, filmado em Natal e Salvador, em abril de 2020. Finalizado em Natal, entre abril e junho de 2020. Todos os áudios foram enviados via celular, durante o isolamento, em abril de 2020.

Além das imagens produzidas especialmente para esse filme-colagem, foram usadas também imagens de arquivos do acervo de Carito Cavalcanti, com imagens de artistas amigos (Titina Medeiros, César Ferrario, Marco França, Vanessa Cristalina, Débora Medeiros, Hélder Vasconcelos, Sami Tarik e Pedro Ferret), e das Cias de Dança Sociedade T, Gira Dança, Diadema e Solos de Stuttgart; do grupo A Outra Companhia de Teatro e cortejo do Boi Galado.

Eventos artísticos: Encontro de Dança, Cine Verão, FICI, O Mundo Inteiro É Um Palco e Burburinho Festival de Artes

Imagens de filmes: A Tradicional Família Brasileira - KATU (de Rodrigo Sena), Metrópolis (de Fritz Lang), Intolerância (de D.W. Griffith) e Carnival Of Souls (de Herk Harvey)

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