Collor faz mea-culpa e pede perdão pelo confisco da poupança dos brasileiros em 1990
Natal, RN 26 de abr 2024

Collor faz mea-culpa e pede perdão pelo confisco da poupança dos brasileiros em 1990

19 de maio de 2020
Collor faz mea-culpa e pede perdão pelo confisco da poupança dos brasileiros em 1990

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O ex-presidente da República Fernando Collor de Melo fez um mea-culpa surpreendente na segunda-feira (19) sobre uma das medidas mais polêmicas tomadas pelo governo dele, em 16 de março de 1990, um dia após assumir o mandato. Senador no segundo mandato pelo estado de Alagoas, Collor pediu perdão aos brasileiros pelo “bloqueio de ativos” que, na época, ficou conhecido como o confisco da poupança dos brasileiros.

Na época, a equipe econômica de Collor chefiada pela economista Zélia Cardoso de Mello divulgou uma série de medidas e ações sob a justificativa de conter a inflação. No caso do confisco, os cidadãos só podiam sacar até 50 mil cruzados novos da caderneta de poupança. Acima desse limite o dinheiro ficou retido por 18 meses. Nesse período, o dinheiro confiscado teria correção monetária e juros de 6% ao ano. Além disso, quando fosse liberado, o valor confiscado em cruzados novos seria convertido em cruzeiros.

No mea-culpa histórico após 30 anos, Collor justificou dizendo que sabia dos riscos, mas que acreditou que aquelas medidas radicais “eram o caminho certo”:

- Pessoal, entendo que é chegado o momento de falar aqui, com ainda mais clareza, de um assunto delicado e importante: o bloqueio dos ativos no começo do meu governo. Quando assumi o governo, o país enfrentava imensa desorganização econômica, por causa da hiperinflação: 80% ao mês! Os mais pobres eram os maiores prejudicados, perdiam seu poder de compra em questão de dias, pessoas estavam morrendo de fome. O Brasil estava no limite! Durante a preparação das medidas iniciais do meu governo, tomei conhecimento de um plano economicamente viável, mas politicamente sensível, com grandes chances de êxito no combate à inflação. Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco. Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência, mas eliminar a hiperinflação era o objetivo central do meu governo e também do País. Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos. Eu e a minha equipe não víamos alternativa viável naquele início de 1990. Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros", escreveu.

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