Com Mineiro na Câmara, candidato de Bolsonaro à presidência da Casa perderá maioria na bancada federal do RN
ATUALIZAÇÃO: Ao contrário do que a agência Saiba Mais publicou, o deputado general Girão (PSL) e os demais parlamentares suspensos pelo PSL não estão impedidos de votar na eleição para a presidência da Câmara, mas não podem se manifestar contra a decisão da Executiva do partido de apoiar Baleia Rossi.
A chegada de Fernando Mineiro (PT) a Câmara dos Deputados não representará apenas a troca de um parlamentar por outro na bancada federal do Rio Grande do Norte. Uma mudança certa pode ser sentida já em 1º de fevereiro, na eleição para a presidência da Casa. Beto Rosado (PP) era um dos cinco deputados do RN que anunciaram apoio a Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado por Jair Bolsonaro.
Se conseguir tomar posse até a votação, Mineiro já anunciou que seguirá a orientação do PT, votando em Baleia Rossi (MDB-SP), candidato lançado pelo atual presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e que conta com o apoio dos partidos do campo progressista.
A mudança na configuração da bancada potiguar se deve ao indeferimento do registro de candidatura de Kériclis Alves Ribeiro, que concorreu a Câmara Federal em 2018 de forma ilegal. Mais de dois anos depois, o Tribunal Regional Eleitoral anulou os votos de "Kerinho", levando a coligação de Fernando Mineiro a ultrapassar a votação obtida pela coligação de Beto Rosado. Por isso, o petista assume a vaga.
Sem Beto Rosado, Arthur Lira terá quatro votos no RN e Baleia poderá ter apoio de quatro deputados no 2º turno
Sem Beto Rosado, Arthur Lira terá quatro votos confirmados no RN: João Maia (PL), Benes Leocádio (PSC), Carla Dickson (PROS) e general Girão (PSL), que está suspenso pelo partido, mas terá direito de votar para a presidência da Casa, segundo informações da agência Câmara.
Já Baleia Rossi tem garantidos os votos de Walter Alves (MDB) e Rafael Motta (PSB). Se Mineiro puder votar, Baleia Rossi passará a ter três votos da bancada potiguar. A deputada Natália Bonavides não votará em Rossi no 1º turno, mas deixou em suspense a possibilidade num eventual 2º turno.
"Votarei contra as candidaturas de direita no primeiro turno", diz Natália Bonavides
A deputada Natália Bonavides já havia dito que não votaria em Arthur Lira e confirmou à agência Saiba Mais que, no 1º turno, também não apoiará em Baleia Rossi, ignorando a orientação do Partido dos Trabalhadores. A parlamentar foi uma das vozes dissidentes do PT que defendeu o voto num candidato de esquerda no 1º turno da eleição. Uma ala divergente do PSOL lançou Luiza Erundina à presidência da Casa, mas até dentro do próprio partido a ex-prefeita de São Paulo enfrenta resistência:
- Votarei contra as candidaturas de direita no primeiro turno. Pela esquerda, neste momento, é a candidatura da Erundina que está colocada".
Natália Bonavides (PT-RN)
Além de Arthur Lira, Baleia Rossi e Luiza Erundina, a disputa pela presidência da Câmara terá outros cinco candidatos: Alexandre Frota (PSDB-SP), André Janones (Avante-MG), Capitão Augusto (PL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).
Eleição será presencial
A sessão que definirá a eleição para a presidência da Câmara Federal está marcada para a próxima segunda-feira (1º), a partir das 19h. Os partidos poderão formalizar os blocos até meio-dia e a inscrição das chapas segue até 17h.
Conforme decisão da Mesa, a eleição será totalmente presencial, com urnas dispostas no Plenário e nos salões Verde e Nobre, espaços que ficarão restritos aos parlamentares, de forma a evitar aglomerações e manter o distanciamento.
A Mesa é composta pelo presidente, dois vice-presidentes, quatro secretários e seus suplentes. Os votos para os cargos da Mesa só são apurados depois que for escolhido o presidente.
Conforme o Regimento Interno, a eleição dos membros da Mesa ocorre em votação secreta e pelo sistema eletrônico, exigindo-se maioria absoluta de votos no primeiro turno e maioria simples no segundo turno.