Com ritmo atual, pesquisador prevê 90% da população do RN contaminada por covid-19 até maio de 2021
Natal, RN 19 de abr 2024

Com ritmo atual, pesquisador prevê 90% da população do RN contaminada por covid-19 até maio de 2021

14 de dezembro de 2020
Com ritmo atual, pesquisador prevê 90% da população do RN contaminada por covid-19 até maio de 2021

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Com o crescimento da curva de casos e hospitalizações, a pandemia do novo coronavírus no Rio Grande do Norte pode se estender até maio de 2021, quando 90% da população do estado terá sido contaminada, segundo o Modelo epidemiológico para o RN calculado com o MOISAIC-UFRN. Os óbitos no estado seguem constantes desde o mês de julho. Neste último sábado (12) foram registradas mais três mortes por covid-19, segundo o boletim mais recente divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap/RN). Já são102.846 casos confirmados, 2.790 óbitos decorrentes da doença, além de 48.580 casos suspeitos, 424 mortes estão sob investigação e há, ainda, 66.065 casos de Síndrome Gripal Não Especificada, que são os casos suspeitos para os quais não foi possível fazer exame laboratorial.

“A pandemia termina de duas formas, ou com a vacina ou com a contaminação de 90% da população, o que, aqui no Rio Grande do Norte, deve ocorrer até maio de 2021 se os atuais níveis de contaminação se mantiverem, sem isolamento social. Temos um número de mortes constante desde julho. A reabertura econômica poderia ter sido iniciada um pouco mais pra frente, o que nos deixaria numa situação mais confortável hoje. A volta às aulas nas escolas particulares e a campanha política foi uma coisa absurda. O fato é que o RN está alongando o problema e expondo a população. Não usou a informação científica e o período entre as duas ondas para preparar as pessoas. Não estancar os mais de 3 ou 4 óbitos diários dos meses de julho a outubro foi grave e favoreceu a situação atual.  Sem vacina e sem quebra da rede de contágio, a pandemia pode chegar a maio de 2021”, explica o astrofísico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, José Dias do Nascimento Júnior, também responsável pelo modelo Mosaic – UFRN e por calcular os índices de casos, hospitalizações e óbitos para o Comitê Científico do Nordeste.

Modelo epidemiológico completo para o RN calculado com o MOISAIC-UFRN

Mas, caso a imunidade não seja duradoura, a situação pode ser ainda pior.

"Se o percentual de recontaminação por cepas (tipos) diferentes do vírus for alto, teremos pessoas susceptíveis que voltam para a posição de espalhadores. Ou seja, recomeça o ciclo de contaminação, o que também implica no aumento do número de mortes", adverte José Dias.

Na última semana, o Rio Grande do Norte confirmou o primeiro caso do país de reinfecção por covid-19. A paciente é uma médica de 37 anos residente em Natal, mas que também trabalha na Paraíba. Ela teve a primeira contaminação registrada em 23 de junho e a reinfecção ocorrendo em 13 de outubro. Pela média móvel, calculada pelo Consórcio de Veículos de Imprensa, o Rio Grande do Norte teve alta de 143% no número de mortes por covid-19 nos últimos 14 dias. Foi a maior média do país. Atualmente, oito hospitais com mais de 70% de ocupação. O Hospital Divino Amor, em Parnamirim, o Tarcísio Maia, em Mossoró e o Hospital Regional Lindolfo Gomes, em Santo Antônio, estão com 100% de ocupação de seus leitos críticos para pacientes com covid-19. Já o Hospital Regional Dr Cleodon Carlos de Andrade, em Pau dos Ferros, está com 90% de ocupação. O Hospital São Luiz, em Mossoró, está com 80,56% dos leitos críticos ocupados, o Hospital Municipal Aluízio Bezerra, em Santa Cruz, com 80%. O Giselda Trigueiro com 76,92% e o Hospital de Campanha de Natal para covid-19 está com 73,68% dos leitos críticos ocupados. O Hospital Colônia Dr João Machado, também em Natal, chegou aos 70% de ocupação. A região mais afetada pelas altas taxas de ocupação dos leitos críticos, por enquanto, é a região oeste com 74,2% de ocupação. Em seguida, vem a região metropolitana de Natal com 67% e o Seridó, que segue com 48,6% de ocupação de leitos críticos para pacientes com covid-19.

Sociedade Brasileira de Infectologia se manifesta sobre tratamento precoce

A Sociedade Brasileira de Infectologia se manifestou no último dia 9 de dezembro desaconselhando o tratamento precoce para covid-19 com remédios como a cloroquina e a ivermectina. Na nota, a SBI afirma que :

"[...] os estudos clínicos randomizados com grupo de controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a COVD-19".

O prefeito de Natal, Álvaro Dias, chegou a afirmar em entrevistas que o secretário de saúde do município, George Antunes, iria adquirir  um milhão de comprimidos de ivermectina para distribuição em larga escala para a população da capital. Apesar de médico, Álvaro Dias é um dos principais defensores do uso do antiparasitário usado no tratamento de lombriga, sarna e piolhos, como tratamento preventivo contra covid-19.

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