Com subnotificações e omissões, não é possível alardear saldo positivo de emprego formal, avaliam economistas
Natal, RN 19 de abr 2024

Com subnotificações e omissões, não é possível alardear saldo positivo de emprego formal, avaliam economistas

2 de maio de 2021
Com subnotificações e omissões, não é possível alardear saldo positivo de emprego formal, avaliam economistas

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Esta semana os governos federal e estadual do Rio Grande do Norte comemoraram balanço positivo no mercado formal no mês de março. O Brasil registrou saldo de 184.140 vagas. No Rio Grande do Norte, o aumento divulgado nos postos de trabalho foi de 6.165.  Os números são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), pubicado pelo Ministério da Economia no último dia 28 de abril. Economistas ouvidos pela Agência Saiba Mais avaliam que mudanças metodológicas no cadastro, além de subnotificações e omissões, influenciam resultados e afirmam que não é possível alardear saldo positivo de emprego formal.

É preciso observar se há movimentos de expansão continuada da demanda para que gere no empresariado expectativas de crescimento de suas receitas e dos seus lucros. O que se pode afirmar é que não há evidências consistentes de que isto esteja acontecendo”, afirma o economista Marconi Gomes da Silva, professor da UFRN.

Além disso, mudança feita na metodologia do Caged faz com que os dados recentes não possam ser comparados à série histórica. Até 2019, as informações eram fornecidas pelas empresas. A partir de janeiro do ano passado, a base passou a ser o eSocial. Só órgãos públicos e organizações internacionais que contratam celetistas continuam sendo obrigadas a prestar informações.

Dessa forma, o professor do departamento de Economia da UFRN, Wellington Duarte, explica que empresas pequenas do país que fecharam as portas nesta pandemia, por exemplo, podem não ter reportado aos órgãos federais os desligamentos.

O próprio Ministério da Economia reconhece que a mudança no cadastro afeta os resultados. “Embora a maior parte das empresas esteja obrigada a declarar o eSocial, muitas deixaram de prestar informações de desligamentos a este sistema”, afirma em publicação das estatísticas mensais do Caged.

Além da pesquisa realizada mensalmente com os empregadores, o sistema também puxa dados do eSocial e do empregadorWeb (sistema no qual são registrados pedidos de seguro-desemprego). Dessa forma, a declaração dos vínculos temporários à pesquisa do Caged é opcional, mas inserção no eSocial é obrigatória.

Com o aumento do número de desempregados, que segundo pesquisa divulgada na última sexta, 30, pelo IBGE subiu a 14,423 milhões, e de “desalentados, aqueles que não procuram mais emprego, cresce os empregos precarizados, com contratos temporários”, explica Wellington Duarte.  O Novo Caged, portanto, gera resultados maiores ao considerar esses vínculos temporários, subdeclarados no sistema antigo.

Vale lembrar que o novo Caged, com sua nova metodologia, incluiu categorias que não se constitui efetivamente em emprego, a exemplo, dos bolsistas, superestimando assim o volume de emprego efetivamente criado”, afirma o professor Marconi Gomes da Silva.

Dessa forma, Marconi avalia que “os dados sobre o mercado formal de trabalho não sugerem a ocorrência de perspectivas de crescimento continuado da atividade econômica e do emprego formal”.

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