Combate à crise unifica discurso da Assembleia na posse de deputados
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Combate à crise unifica discurso da Assembleia na posse de deputados

2 de fevereiro de 2019
Combate à crise unifica discurso da Assembleia na posse de deputados

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A crise financeira do Rio Grande do Norte estava na ponta da língua dos deputados empossados na Assembleia Legislativa. A solenidade que marcou o início da nova legislatura aconteceu nesta sexta-feira (1). Pelo menos num primeiro momento, os parlamentares se mostraram sensíveis à questão fiscal do Estado e já se colocaram à disposição do Governo para analisar e aprovar os projetos relacionadas ao plano de recuperação fiscal que será enviado à Casa pela governadora Fátima Bezerra (PT) na próxima semana.

A governadora prestigiou a posse dos deputados e mesmo antes da abertura do ano legislativo levou o primeiro projeto para análise dos parlamentares. Fátima quer autorização dos deputados para antecipar os royalties do petróleo referente aos anos de 2020, 2021 e 2022, durante o mandato petista. Na chegada a ALRN, ela disse que o diálogo do Governo com os parlamentares será permanente:

- A expectativa é muito positiva em relação a essa legislatura já sinalizada à luz dos encontros que tivemos. O diálogo do Governo com esta Casa será permanente, harmonioso e respeitoso. Em todas as reuniões contamos com espírito público e um sentimento de colaboração. E isso está em curso para além do papel de bancada de oposição ou situação, o que ficou claro pra mim. A assembleia tem expressado compromisso claro de ajudar o Rio Grande do Norte.

Líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado George Soares (PR) afirmou que a expectativa do Governo é aprovar todos os projetos do Plano de Recuperação Fiscal ainda no primeiro semestre:

- Esse é o prazo (seis meses). A expectativa é que, em se tratando de questão fiscal, há uma necessidade de tempo. O Governo, dentro das secretarias, está encaminhando os projetos. Depois da aprovação tem um prazo da negociação com o Banco, então tudo isso leva tempo. Nosso objetivo principal aqui é dar celeridade a esses projetos e quero contar com a parceria de todos os colegas deputados que estão vendo a govenadora muito sensível em abrir um debate com todos os parlamentares. Então está todo mundo consciente.

Reeleito para mais dois mandatos à frente da ALRN, o deputado Ezequiel Ferreira de Souza ressaltou a importância da Casa como caixa de ressonância da população e elogiou as sinalizações de diálogo por parte do Governo com a Casa.

- A expectativa é que a Casa possa ser a voz de ressonância da sociedade potiguar. Cada deputado será porta-voz da população, um interlocutor entre o Poder Executivo e o povo. A governadora teve uma primeira reunião com os deputados e conduziu o encontro de forma elogiável. Não foi só discutido o tamanho da crise, mas algumas soluções. As matérias do plano de recuperação fiscal devem chegar a Assembleia dia 5 de fevereiro”, informou.

PT e PSOL não formarão bloco de esquerda na ALRN

Pela primeira vez na história da Assembleia Legislativa o PSOL elegeu um deputado estadual. Sandro Pimentel chega a Casa e, já anunciou que fará um mandato independente de governo, oposição ou qualquer bancada.

- Não vou participar de bloco nenhum. Nosso mandato será independente, responsável e fará proposições. Vai ter matérias que será possível atuar em bloco, vamos apreciar todos os projetos e aprovar aqueles que forem bons para o Estado, independente se vierem do PT ou do PSDB. Mas não vou compor qualquer bancada.

Sobre os projetos do Executivo que chegarão a Casa na próxima semana, disse que tudo o que sabe, até o momento, é pela imprensa:

- Vamos analisar com carinho, cautela e muita responsabilidade. Não conheço nenhum projeto, só ouvi falar pela imprensa. Vou estudar muito com base na minha visão e no que eu acredito.

Interiorização

Pela primeira vez, o PT elegeu dois deputados do interior do Estado: Isolda Dantas e Francisco do PT.

Natural de Patu, mas com a trajetória política dedicada a Mossoró, Isolda Dantas destacou o diálogo inicial da governadora com deputadas e deputados eleitos, independente do Partido. E afirmou que o centro do debate está mudando:

- Há mudança no centro do debate. O eleitorado tem percebido a necessidade de interiorizar as políticas públicas no Estado. A minha eleição, a do Francisco e a do Allyson mostram que as coisas têm essa horizontalidade. Nossa votação mostra isso e nosso trabalho também vai mostrar.

PSL fará oposição ideológica, mas admite aprovar projetos do Governo

A polarização da política nacional terá reflexos no Rio Grande do Norte. O PSL do presidente Jair Bolsonaro elegeu um deputado na Assembleia Legislativa. Com 30 anos dedicados à Polícia Militar e dois ao Exército, o coronel Azevedo será o representante da extrema-direita no Estado.

Durante a primeira reunião do Governo com os deputados estaduais, Azevedo informou à governadora que integrará a bancada da oposição. Mas admite que vai analisar, apreciar e aprovar os projetos do Executivo que interessem à população.

- O Estado e o Brasil enfrentam uma crise sem precedentes e vamos colaborar para os debates nesta Casa. Anunciamos na reunião com a governadora que integraremos a bancada da oposição por diferenças ideológicas, mas não nos furtaremos de analisar, apreciar, discutir e até aprovar aquelas matérias que nós julgarmos interessantes para o bem do povo do Rio Grande do Norte. Acho que é um momento de união tanto em nível federal e estadual. Vem aí a reforma previdenciária e outros problemas a serem enfrentados.

O coronel Azevedo sonha com um consenso entre os partidos de esquerda e de direita quando pautas polêmicas forem para o plenário federal e estadual:

- É um momento interessante. Será que a esquerda vai se posicionar contra toda a reforma previdenciária da União ? E nos estados, vai querer o apoio da direita ? Acho que vamos chegar a um consenso, a uma proposta de mudança que seja indispensável. Por que do jeito que está estamos no fundo do poço”, afirmou.

Oposição do MDB

O deputado Hermano Moraes também já declarou que fará parte da bancada de oposição ao governo Fátima. Ele admitiu, no entanto, que só fala em nome do próprio mandato, e não do Partido.

Sobre os projetos do Executivo que chegarão a Casa na próxima semana, Moraes afirmou que analisará com boa vontade.

- Na condição de deputado de oposição, desejo êxito à governadora Fátima Bezerra para realizar um bom trabalho e atender aos anseios da população. (Sobre oposição) Posso falar pelo meu mandato. Vamos analisar cada projeto com toda boa vontade e com disposição de votar favorável àqueles que nós julgarmos importantes para o momento. Vamos analisar um a um com espírito público.

PROS e PTC integrarão a base do Governo

A recém-chegada da senadora Zenaide Maia ao PROS durante a semana acelerou o processo de integração do Partido à bancada governista. O presidente estadual da legenda Albert Dickson afirmou que o apoio está praticamente selado, faltando apenas alguns detalhes:

 - Já tive uma conversa prévia com a governadora, coloquei meu mandato à disposição. O governo não precisa hoje de oposição neste momento. Ter oposição numa crise dessa não adianta muita coisa. E a chegada da senadora Zenaide Maia facilita ainda mais. Até porque não é todo dia que um Partido ganha um senador, né ? Então há uma chance de 90% (do PROS) estar no governo, eu diria que é quase 100%.

Questionado sobre os projetos do Executivo, Dickson espera um pacote agressivo de propostas:

- Esperamos um pacote bem agressivo com relação ao arrocho. Precisamos mudar algumas coisas, um choque de gestão com relação a gastos públicos. O teto de gastos é importante. E não só a antecipação de royalties. Isso gera em torno de R$ 400 milhões, quando a dívida gira em torno de R$ 2,7 bilhões.

O ex-vereador e agora deputado estadual Ubaldo Fernandes (PTC) segue a mesma linha do colega. Segundo ele, o momento não é de fazer oposição ao Rio Grande do Norte:

- O nosso partido apoiou Fátima no 2º turno. Acredito que no momento não podemos fazer oposição ao Governo. Não queremos dizer aqui que vamos aprovar todos os projetos do Executivo, mas não podemos fazer oposição ao Rio Grande do Norte.

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