Comissão aprova proposta para legalizar cultivo de cannabis para fins medicinais no Brasil
Natal, RN 25 de abr 2024

Comissão aprova proposta para legalizar cultivo de cannabis para fins medicinais no Brasil

8 de junho de 2021
Comissão aprova proposta para legalizar cultivo de cannabis para fins medicinais no Brasil

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A comissão da Câmara dos Deputados que analisou o Projeto de Lei 399/15 aprovou na manhã desta terça-feira (8) parecer favorável à legalização do cultivo no Brasil, exclusivamente para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais, da Cannabis sativa, planta da maconha. A reunião contou com dois deputados federais potiguares, Rafael Motta (PSB-RN) e Natália Bonavides (PT-RN), ambos a favor da legalização.

Criada em 2019, a comissão especial realizou até hoje 12 audiências públicas, além de recolher informações no Brasil e no exterior.

A proposta foi aprovada na forma do substitutivo apresentado pelo relator, deputado Luciano Ducci (PSB-PR), ao texto original do deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE) e um apensado. Em razão do caráter conclusivo, o texto poderia seguir diretamente para o Senado, mas haverá recurso para análise em Plenário.

O texto-base recebeu 17 votos favoráveis e 17 contrários. O desempate favorável coube ao relator, conforme determina o Regimento Interno da Câmara.

O presidente da comissão especial, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), celebrou o resultado.

“Agradeço o trabalho de todos e o debate qualificado, colocamos o Brasil na fronteira científica e médica pelo bem-estar das pessoas”.

Rafael Motta criticou o negacionismo do governo federal e seus apoiadores:

“O que o governo tem contra a ciência? Até hoje eu não entendo quais são os argumentos que o governo tem contra a ciência, porque pra defender cloroquina, sem nenhum tipo de comprovação científica, são os primeiros. Para serem contra o isolamento social, são os primeiros; mas quando chegam aqui não sabem se colocar no lugar do próximo e dar dignidade a quem merece tratamento de respeito e humanizado”, questionou.

“Não podemos deixar a mentira tomar conta dessa comissão. É um projeto que vai salvar vidas e é necessário para a saúde pública do nosso país”, declarou Natália Bonavides, ao votar em nome do partido à favor da medida.

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Parecer aprovado

O substitutivo aprovado legaliza o cultivo da Cannabis, mas impõe restrições. O plantio poderá ser feito apenas por pessoas jurídicas (empresas, associações de pacientes ou organizações não governamentais) – o que não resolve completamente a questão do acesso aos pacientes. A legislação atual permite a venda em farmácias do remédio, mas ele custa em média R$ 2.500.

Com a nova proposta não há previsão para o cultivo individual e continuam proibidos cigarros, chás e outros derivados da planta. Um dos oito destaques apresentados pretendia liberar o cultivo a famílias que precisam do remédio. A autora foi a deputada Natália, elogiada pelo presidente da comissão, que se referiu à parlamentar do RN como “uma voz que sempre nos trouxe muita contribuição”, mas orientou pela rejeição, porque alterava substancialmente a pauta. Nenhum dos destaques prosperou.

No parecer final, houve ajustes após debates no colegiado e em comissão geral realizada em 26 de maio. A partir de emenda da deputada Talíria Petrone (PSol-RJ), o relator incluiu linha de crédito destinada a associações de pacientes que fabricam medicamentos, para que possam se ajustar às exigências da futura lei.

A versão original de Fábio Mitidieri liberava a venda de medicamentos oriundos da Cannabis sativa ao alterar a Lei Antidrogas. “Algumas moléstias podem ser tratadas com sucesso, de modo eficaz e seguro, em relação a outras drogas que não apresentam respostas satisfatórias em determinados casos.”

A Lei Antidrogas proíbe hoje em todo o território nacional o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, com exceção para aquelas plantas de uso exclusivamente ritualístico religioso e no caso de fins medicinais e científicos.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não classifica esses itens como medicamentos, mas autoriza a importação com receita médica e poderá avaliar a fabricação no país.

A erva apresenta resultados no tratamento de epilepsia, autismo, Alzheimer, Parkinson, dores crônicas e câncer. Familiares relatam que os medicamentos reduzem a frequência de convulsões em crianças de dezenas de eventos por dia para um ou dois por semana.

Delta 9

Nesta semana está sendo realizada a sexta edição do Delta 9, fórum considerado um dos maiores sobre cannabis no Brasil. O evento online está marcado para os dias 7, 8 e 9, recebendo palestras de especialistas brasileiros e internacionais, inclusive com mesa sobre regulamentação. A organização é da ONG Reconstruir, do Rio Grande do Norte. Informações: delta9brasil.com.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

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