Conseguiremos voltar à “atividade econômica” com limites, cuidados e regras?
Natal, RN 20 de abr 2024

Conseguiremos voltar à "atividade econômica" com limites, cuidados e regras?

13 de julho de 2020
Conseguiremos voltar à

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Entre polêmicas, pressões, protestos, desabafos, dados estatísticos e em meio a uma pandemia ainda no auge no país, os municípios potiguares publicarem decretos "flexibilizando" o distanciamento social para a retomada das atividades econômicas "de maneira gradual, segura e responsável". Para isso, contaram com o vai-e-vem e pouco pulso do Governo do Estado. Enfim, é o que temos para hoje e para os próximos dias. Bares, restaurantes, sapatarias, butiques, loja de eletros, etc, voltando a abrir suas portas. Afinal, quem não precisa trocar o sofá ou comprar um tênis novo em plena pandemia com um vírus sem cura por aí, não é?

Ironia à parte, nem vou entrar no mérito da questão, sei das complexidades todas e da necessidade real de muitos pequenos e médios empreendedores. Minha pergunta é mais prática, rasteira, quase conversa de botequim mesmo: Saberemos voltar a um mínimo de normalidade com limites, cuidados e regras?

Em suma, nem sou contrário à tal "retomada gradual e segura da economia". Aceito os argumentos dos empreendedores e das autoridades que detalham os cuidados necessários a se tomar (distanciamento entre clientes, obrigatoriedade do uso de máscaras, álcool em gel à disposição, entre outros). A primeira pergunta é: Todos os empresários vão cumprir com estes protocolos?

Em a resposta sendo sim, e até faço esse voto de confiança, vem a segunda pergunta: A população - ou seja, nós, eu, você que está lendo este teremos - teremos esses cuidados todos? Ou parte da população não parece ter percebido que estamos em uma pandemia que matou 70 mil brasileiros e brasileiras?

Dia desses em necessária saída ao supermercado aqui perto de casa, percebi duas senhoras (ainda que de máscaras) conversando barulhenta e animadamente na seção de verduras. No mesmo dia, na fila da lotérica, um senhor puxava assunto com quem quisesse ouvi-lo. Nada grave, mas de uma imprudência brutal.

Conversando com um amigo dono de bar/lanchonete, ele garantiu que era possível as pessoas voltarem a frequentar estabelecimentos de comida e bebida com a segurança recomendada nos decretos. Não duvido. E não sou hipócrita, não vejo a hora de voltar a frequentar bares, ainda que seja para sentar sozinho à mesa e só tirar a máscara na hora de beber cerveja. Acho até que num mundo perfeito ou pelo menos civilizado isso seria possível.

Mas, como será estar com todos os auto-cuidados em um bar que respeita os protocolos de segurança, e de repente se deparar com um amigo ou conhecido negacionista que quer ficar no ambiente sem máscara, sentar à sua mesa e contar piada  na sua cara como se não houvesse amanhã?

Nos invejados Estados Unidos vimos gente invadir as praias da Flórida e os bares do Texas tão logo houve a flexibilização, o que gerou uma nova onda de casos e aumento da curva de infectados e mortos. Na lendária Londres, a primeira noite de bares abertos rendeu um sem número de bêbados caídos pelas ruas e aglomeração extrema. No Leblon, sofisticado bairro do Rio de Janeiro, vimos gente aglomerada zombando de quem usava máscaras e cantando que o Covid fosse para o inferno.

Esse o meu temor. Mais que justificado. Não sabemos ainda como será o tão falado e já clichê novo-normal. O que parece velho e normal é a vocação humana de desrespeitar normas. Vocação que no Brasil virou quase uma profissão de fé. Esperemos para ver o que vai acontecer. Mas, não apostaria minhas fichas que frequentadores de bares respeitem regras sanitárias. Via de regra esses frequentadores não conseguem, em situação normal, nem mesmo mijar dentro do vaso sanitário. Complicado.

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