Conselho de Medicina ameaça cobrar na Justiça permanência do hospital Ruy Pereira
Natal, RN 19 de abr 2024

Conselho de Medicina ameaça cobrar na Justiça permanência do hospital Ruy Pereira

11 de outubro de 2019
Conselho de Medicina ameaça cobrar na Justiça permanência do hospital Ruy Pereira

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O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern) está ameaçando entrar na Justiça para que o Governo do Estado mantenha funcionando os atendimentos de casos graves de diabetes e de problemas vasculares no Hospital Ruy Pereira. A justificativa para a abertura da ação civil é de que houve um aumento expressivo na demanda de serviços especializados em doenças vasculares. O Ruy Pereira é o único no Estado a ofertar esse tipo de atendimento, sendo responsável, ainda, por atender pacientes acometidos por isquemia crítica e amputações clínicas.

Nessa semana, o Conselho Estadual de Saúde votou pela interdição da unidade, que corre o risco de ser fechado em razão dos problemas estruturais. O Governo explica que, como o prédio é alugado, só quem pode realizar a manutenção é o dono do imóvel.

Em 2018, o Hospital Ruy Pereira realizou 1.363 cirurgias e 242 amputações de membros inferiores (da altura da coxa ou perna). A média foi de 4,6 amputações por semana. No entanto, somente entre janeiro a setembro de deste ano, o número de cirurgias saltou para 1.737 e o de amputações foi de 411. A média semanal de amputados clínicos pulou para 8,5 por semana.

“Este é um número absurdo. Isso reflete uma falência no atendimento básico de saúde. Nós temos que cessar as amputações. Muitos pacientes não têm acesso às medicações e não há tratamento adequado para os casos de diabetes”, denuncia o presidente do Cremern, Marcos Lima de Freitas.

De acordo com ele, a discussão não é apenas relacionada com o possível fechamento do Ruy Pereira, mas em como o poder público vai atuar para garantir um serviço digno para os pacientes vasculares no Rio Grande do Norte.

“A discussão do Hospital Ruy Pereira traz outras discussões, e o Estado precisa cuida melhor dos pacientes. Temos, sim, que promover maior acesso para a área de diagnóstico e terapêutica médica, para que possamos reduzir o número de amputações”, aponta.

Segundo o Cremern, a unidade deveria ampliar as ações de diagnóstico e de serviços terapêuticos. A entidade sugere o aumento de 30 leitos de internação e a ofertar de 12 leitos de Unidade de Terapia Intensiva.

A entidade representativa da classe médica potiguar terá uma reunião plenárias na próxima segunda-feira, 14, para definir posicionamento sobre a ação civil pública. Em junho deste ano, o Cremern decidiu por medida semelhante ao buscar judicialmente melhorias para o Hospital Regional de São Paulo do Potengi, que atende pacientes em 13 municípios potiguares. Em setembro, a 4ª Vara da Justiça Federal definiu que o Estado deveria tomar medidas urgentes para garantia os serviços de saúde.

“O atual sistema de atendimento não é o ideal. Queremos ações efetivas para a redução dos casos de amputação. Vamos esperar a sinalização do Governo do Estamos, mas se não encontrarmos mudanças podemos ingressar com uma ação civil pública estruturante para atender os pacientes com pé diabético”, detalha.

A polêmica sobre o Hospital Ruy Pereira foi iniciada em junho passado, após o titular da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap), Crispiniano Maia, anunciar o fechamento da unidade de atendimento. Após críticas de entidades médicas e a abertura de um inquérito pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), o encerramento das atividades foi cancelado.

Cirurgias seguem suspensas

O impasse entre Governo e a Cooperativa dos Médicos do RN (Coopmed) sobre uma dívida de aproximadamente R$ 20 milhões ainda não foi resolvido. De acordo com a assessora da cooperativa Fabrine Medeiros, em reunião realizada na quinta-feira (9), o Governo se comprometeu a pagar uma das quatro parcelas em atraso até o dia 15 e renegocia o restante da dívida. Uma reunião entre os cooperados deve acontecer até a próxima terça-feira (15). Até lá, as 700 cirurgias de média e alta complexidade realizadas pelos médicos a Coopmed seguem suspensas.

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