Covid-19 agrava situação de vulnerabilidade social das comunidades indígenas do RN
Natal, RN 19 de abr 2024

Covid-19 agrava situação de vulnerabilidade social das comunidades indígenas do RN

7 de outubro de 2020
Covid-19 agrava situação de vulnerabilidade social das comunidades indígenas do RN

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O Covid-19 continua agravando a situação de vulnerabilidade social das comunidades indígenas do Rio Grande do Norte, cuja economia apoia-se no beneficiamento da castanha de caju, na comercialização em feiras livres e no etnoturismo. Segundo dados da Associação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), até 7 de outubro as comunidades indígenas do RN contabilizam 56 casos confirmados e 5 óbitos.

Os números são coletados junto às lideranças, comunidades, organizações indígenas, trabalhadores da saúde indígena, e boletins emitidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Distritos Sanitários Especiais Indígenas e demais secretarias de saúde.

O total de casos confirmados já é 18 vezes maior do que o registrado no dia 8 de maio, quando a Apoinme começou a divulgar o informativo Coronavírus entre os povos indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo, passando de 3 para 56 casos confirmados, um aumento de 1.766%. No país, já são 158 povos atingidos, com 34.608 indígenas confirmados e 837 mortos, de acordo com informações divulgadas no dia 1º de outubro pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

Para enfrentar a pandemia, as comunidades indígenas no Estado potiguar receberam 12 concentradores de oxigênio da empresa Air Liquide. Segundo Tayse Campos, liderança da comunidade indígena do Amarelão, o artista indígena Thiago Cóstackz soube que a Air Liquide estava doando máscaras e concentradores de oxigênio para povos indígenas em vários países e fez essa articulação.

“Ele entrou em contato com a gente e perguntou se nós tínhamos interesse. Nós dissemos que sim e ele fez a mediação junto com a Air Liquide e, assim, nós conseguimos a doação de 12 concentradores de oxigênio”, comentou.

Comunidade indígena Amarelão recebe concentrador de oxigênio usado no combate a Covid-19 / foto: comunicação APIRN

Três dos 12 equipamentos foram enviados para o posto de saúde do Amarelão, em João Câmara, e os outros foram distribuídos entre as comunidades do Catu (2) e Tapará (1) no RN, e para comunidades indígenas no Maranhão (2), Pernambuco (1), Espírito Santo (1) e Ceará (2). As comunidades também têm recebido doações de álcool, máscara, itens de limpeza, higiene pessoal e alimentos de pessoas e instituições, como a Amazon Defenders Fund, que doou cestas básicas, e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que enviou 400 litros de álcool.

“Esse ano, como APIRN, tivemos nosso primeiro apoio internacional, oriundo da Amazon Watch. Foi um incentivo de peso relevante e de extrema importância para as 14 comunidades indígenas politizadas do estado, garantindo por um tempo, parcela dos direitos básicos e o mínimo das dignidades que o governo regional ou nacional não garante”, afirma Juão Nyn, um dos comunicadores da Articulação dos Povos Indígenas do Rio Grande do Norte.

Segundo Juão Nyn, o Rio Grande do Norte se tornou, a partir de setembro, o único estado sem terras demarcadas no Brasil.

“Precisamos do reconhecimento, da legitimação tanto de quem é de dentro quanto de quem é de fora, para que consigamos progredir em nossos desenvolvimentos e manutenção de nossas culturas”, comenta.

Além do Covid, os povos indígenas, em alguns territórios, também enfrentam falta de acesso à água potável, invasões, queimadas criminosas e tentativas de desapropriação em meio a maior pandemia dos últimos 100 anos.

A paralisação da demarcação de terras e o atraso na implantação do plano emergencial de proteção dos povos indígenas agravam a situação de vulnerabilidade das 14 comunidades no estado e dos mais de 305 povos indígenas no país.

Dados sobre o Covid-19 entre os povos indígenas no RN
 

No dia 7 de outubro de 2020
Confirmados 56
Curados 50
Óbitos 5

No dia 8 de maio de 2020
Confirmados 3
Curados 1
Óbitos 0

Fonte: Apoinme / APIRN / Secretaria de Saúde de Mossoró / rn.povosindigenas.ufrn

Serviço: Como doar
@indigenasdoRN
@apoinme
@apiboficial

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