Até a manhã desta terça (18) não havia mais vagas nas UTI’s destinadas a pacientes com covid-19 dos hospitais João Machado, que possui oito vagas, e Maria Alice Fernandes, com 3 vagas, ambos em Natal. Além disso, no Hospital Giselda Trigueiro, também na capital potiguar, há pacientes internados em 21 das 22 vagas de UTI’s disponíveis – o que dá uma média de 95% de ocupação.

No momento, o Rio Grande do Norte tem um total de 13 hospitais com vagas de UTI's reservadas a pacientes com covid-19. De acordo com a plataforma Regulação, através da qual é possível acompanhar a situação dos leitos dos hospitais, a média de ocupação está em 43,94% (58 leitos ocupados) e 34,09% das vagas estão disponíveis (45 leitos em aberto).

Enquanto a média geral de ocupação dos leitos críticos (UTI’s e semi-intensivos) em todo o RN fica em torno dos 45%, na região metropolitana de Natal esse índice sobe para 57%, baixa para 33% na região Oeste e para 13% no Seridó.

Até esta segunda (17), o Rio Grande do Norte tinha um total de 394.421 casos confirmados de covid-19, 117.160 casos suspeitos e 6.392 casos em acompanhamento, de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). Já foram registrados no estado 7.604 óbitos e a Secretaria ainda investiga outras 1.463 mortes suspeitas.

Alta na solicitação de leitos

Desde o final de dezembro, o número de solicitações de leitos de UTI para pacientes com covid-19 segue aumentando. Enquanto no dia 26 de dezembro, por exemplo, foram feitos 13 pedidos em todo o RN, no dia seguinte, 27 de dezembro, foram registradas 26 solicitações. O período das altas coincide com os 15 dias do pós-Carnatal, quando a Sesap faria as primeiras avaliações sobre o impacto da micareta, e com o início das festividades de final de ano. Nesta segunda (17), foram realizados 48 novos pedidos de internação no RN.

"O comportamento que estamos vendo hoje é fruto de duas ondas principais de contágio recente. A primeira foi uma subida acentuada e rápida que começou no dia 26 de dezembro e foi até os primeiros dias de janeiro de 2022. Esta subida forte foi fruto de uma multiplicação enorme de rede de contágio devido ao Carnatal. O segundo processo é este que estamos vendo em janeiro e tem uma subida mais lenta, porém extremamente consistente. Na data de hoje [18], não vemos indicação de atenuação. Os picos diários chegam em 49 solicitações diárias, e com uma média móvel subindo. Se as aglomerações continuarem sem restrições e em um cenário em que as vacinas não estão contendo a velocidade de expansão, podemos ter o retorno das filas. Já passou da hora de reagir e limitar aglomerações", avalia o professor de Física José Dias do Nascimento Júnior, que faz parte do Comitê Científico do Nordeste e é integrante do grupo que desenvolveu o modelo Mosaic-UFRN, usado nas projeções da pandemia nos demais estados nordestinos.

Novas medidas

Diante da alta de casos e pedidos de internações, a governadora Fátima Bezerra (PT) se reuniu na noite desta segunda com representantes de diferentes setores para discutir novas medidas a serem adotadas por causa da variante Ômicron, já presente no RN.

Ficou decidido que a partir dessa próxima sexta-feira (21), estabelecimentos comerciais fechados ou abertos que comportem mais de 100 pessoas terão que exigir dos clientes comprovante de vacinação, o já conhecido “passaporte da vacina”.

Os clientes dos estabelecimentos deverão apresentar o ConecteSUS, o RN+Vacina ou a própria carteira de vacinação, de papel. Ficam dispensados da obrigatoriedade os estabelecimentos de alimentação em locais abertos com capacidade máxima de 100 pessoas.

O governo também orientou as prefeituras a suspender nos próximos 30 dias eventos públicos que provoquem aglomeração. Bares, restaurantes, lanchonetes, cinemas, shoppings e demais estabelecimentos serão fiscalizados pelas prefeituras, que contarão com o auxílio dos órgãos estaduais.