CPMI das Fake News identifica 2 milhões de anúncios do Governo Bolsonaro em sites de conteúdo inadequado
Natal, RN 25 de abr 2024

CPMI das Fake News identifica 2 milhões de anúncios do Governo Bolsonaro em sites de conteúdo inadequado

3 de junho de 2020
CPMI das Fake News identifica 2 milhões de anúncios do Governo Bolsonaro em sites de conteúdo inadequado

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Um levantamento feito pela CPMI das Fake News divulgado nesta terça-feira (2) identificou 2,065 milhões de anúncios pagos com verba da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) em 843 sites, aplicativos de telefone celular e canais de YouTube que veiculam conteúdo considerado inadequado.

Os anúncios foram publicados em apenas 38 dias, entre 6 de junho e 13 de julho do ano passado, apesar de os parlamentares terem solicitado informações para o período entre janeiro e novembro de 2019.

O documento aponta que o governo federal investiu dinheiro público para vincular anúncios em canais que difundem fake news, que promovem jogos de azar e até sites pornográficos. Canais que promovem o presidente Jair Bolsonaro também receberam publicidade oficial.

O relatório tem como base informações da própria Secom, obtidas via Lei de Acesso à Informação pela CPI e revelados pelo jornal O Globo. Os materiais faziam parte da campanha do governo federal em apoio à aprovação da Reforma da Previdência, que restringiu o acesso às aposentadorias e tende a inviabilizar a Previdência pública.

A verba da Secom foi distribuída por meio do programa Google Adsense, que paga um valor ao site a cada vez que um usuário clica na publicidade ou apenas visualiza.

No topo da lista dos que mais receberam verba pública para divulgar a publicidade oficial está o site "Resultados Jogo do Bicho", com 319.082 impressões, isto é, a quantidade de vezes que o anúncio foi exibido aos usuários do site. O jogo do bicho é proibido no Brasil e sua prática é considerada uma contravenção.

Ao todo, 47 sites especializados em fake news receberam 653.378 anúncios. Foram removidos 741 canais do Youtube por descumprimento de regras que também receberam verba oficial. A lista computa, ainda, 12 sites com notícias sobre jogos de azar, sete que fazem ofertas de investimentos ilegais e quatro com conteúdo pornográfico.

Entre os campeões da mentira, o relatório da CPMI destaca ainda os sites: Jornal 21 Brasil (84.248 impressões), Imprensa Viva (65.661 impressões), Gospel Prime (44.750), Diário do Brasil (36.551 impressões) e Jornal da Cidade Online (30.508 impressões).

Outra descoberta da CPMI é que dos 20 canais no YouTube que mais veicularam anúncios da Nova Previdência, 14 são primordialmente destinados ao público infanto-juvenil. Entre eles, até mesmo um que tem todo o seu conteúdo em russo.

Terça Livre

O canal Terça Livre TV, do blogueiro Allan dos Santos – um dos mais atuantes militantes do bolsonarismo –, recebeu 1.447 anúncios governamentais. Em depoimento à própria CPMI, contudo, ele negou receber verba pública em troca do apoio ao governo Bolsonaro. Ele foi um dos alvos, na semana passada, das ações determinadas pelo STF, em inquérito que investiga ataques virtuais contra a Corte.

O relatório destaca, ainda, que a divulgação de publicidade oficial em canais que fazem apologia do presidente Bolsonaro pode ser interpretada como violação à Constituição. Por outro lado, também apontam para a falta de controle dos anúncios distribuídos na internet.

Fake news sem pudor 

A destinação de dinheiro público para este tipo de conteúdo pode gerar questionamentos legais ao governo com base no princípio constitucional da impessoalidade, pois, segundo a consultoria legislativa, "abre a possibilidade de se interpretar tal fato como utilização da publicidade oficial para promoção pessoal, conduta vedada pela Carta Magna". 

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