Data venia: o papelão de Dilermando Motta e a farsa da conciliação
Natal, RN 29 de mar 2024

Data venia: o papelão de Dilermando Motta e a farsa da conciliação

10 de março de 2021
Data venia: o papelão de Dilermando Motta e a farsa da conciliação

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O desembargador do Tribunal de Justiça Dilermando Motta foi protagonista nesta quarta-feira (10) de um papelão armado e jamais visto na história recente da principal Corte estadual do Rio Grande do Norte.

Com o intuito de mediar uma suposta conciliação entre a prefeitura de Natal e o Governo do Estado em relação ao conflito real entre as determinações previstas nos decretos municipal e estadual, Dilermando Motta se comportou de maneira caricata: como um animador de auditório, cortando falas de forma grosseira e impondo vontades sem – acreditem se quiser – levar em consideração dados técnicos das equipes de saúde, amparadas pelos respectivos comitês científicos.

Ora, o mínimo que se espera de qualquer governo municipal ou estadual em meio à maior crise sanitária mundial dos últimos 100 anos é que toda e qualquer orientação à população seja dada com base em dados da ciência.

Pois Dilermando não apenas ignorou todas as informações técnicas que a governadora Fátima Bezerra tentou apresentar, como destratou auxiliares do governo. Um desavisado imaginaria que, ali sentado na condução da “conciliação”, estaria um advogado do prefeito de Natal.

E o que dizer do papel lamentável, mas nem um pouco surpreendente, de Álvaro Dias ? O prefeito do PSDB teve a coragem de dizer publicamente que “a situação de Natal está mais confortável do que no ano passado” num momento em que os cientistas afirmam que a região Metropolitana de Natal é o epicentro da covid-19 no Estado. O próprio Álvaro, um dia antes, em entrevista à principal emissora do RN, havia dito que a situação de Natal era “crítica e caótica”.

Qual dos dois fala a verdade ?

Se há alguém no Rio Grande do Norte que vem trabalhando diariamente para confundir a população é o prefeito de Natal. Incapaz de ouvir ou dialogar, a não ser para impor seus próprios desejos por decreto.

De fato, parece não haver conciliação possível entre uma governadora que fala em salvar vidas e um prefeito que defende a ampliação do horário de funcionamento dos bares da cidade. Cada um com suas prioridades.

É preciso ainda reconhecer a enfática intervenção do procurador geral de Justiça Eudo Leite em defesa do decreto estadual que, no momento, é o que mais se aproxima da urgente necessidade de reduzir a velocidade de transmissão do vírus que já matou mais de 3.600 pessoas no Estado.

Difícil acreditar também que um desembargador experiente com mais de 40 anos de serviços prestados à magistratura tenha sido capaz de cumprir um papel tão vergonhoso para o judiciário potiguar.

Aliás, como as redes sociais têm memória, impossível não lembrar que Dilermando Motta é o mesmo desembargador que ficou conhecido nacionalmente por humilhar um garçom da padaria Mercatto, em Natal. A forma grosseira como se comportou na audiência trouxe à tona o lamentável episódio.

É papel da Justiça mediar conflitos de interesse da sociedade. Mas num momento tão delicado, quando a população espera orientações e esclarecimentos, a conciliação precisa se dar, primeiro, com a realidade.

E, data venia desembargador, mas vossa Excelência fracassou.

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