Debate sobre cortes na Educação vira prévia da manifestação do dia 30
Natal, RN 25 de abr 2024

Debate sobre cortes na Educação vira prévia da manifestação do dia 30

27 de maio de 2019
Debate sobre cortes na Educação vira prévia da manifestação do dia 30

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O corte de recursos das universidades e institutos federais foi tema de audiência pública realizada nesta segunda-feira (27), no auditório do campus Central do IFRN, em Natal, em continuidade à mobilizações em defesa da educação. O evento, realizado três dias antes de uma nova manifestação marcada para a próxima quinta-feira (30) em todo o país, foi promovido pelos deputados Francisco do PT, Isolda Dantas (PT) e Allyson Bezerra (Solidariedade).

Representante da União Estadual dos Estudantes (UEE) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Brisa Bracchi defendeu a presença dos movimentos estudantis na articulação de novas mobilizações e criticou o uso da educação como moeda de troca para aprovação da Reforma da Previdência, segundo ela, vendida como benéfica, mesmo atacando a vida dos trabalhadores:

"Falam que a reforma da previdência é a cura de todos os males do nosso país, que vai curar a economia do nosso país, mas não se fala em reforma tributária, não se fala em reforma agrária, não se fala em mais nada."

Ex-aluna do IFRN, a estudante de história também repudiou, em nome do movimento estudantil, os impactos provocados nas instituições de ensino em razão dos bloqueios.

"Não é só entrar numa sala de aula e ver professor dando aula. A gente quer pesquisar, a gente quer ir pra congresso científico, a gente quer que nossa instituição de ensino atenda não só aos estudantes que estão dentro dela, mas que atendam aos idosos, que atendam estudantes com necessidades especiais, que atenda a população que não conseguiu entrar porque o ensino federal não é democrático para todos e todas", disse.

Foto: João Gilberto

Presente na audiência, o reitor do IFRN, Willys Farkatt, detalhou os recursos do instituto e as ações de planejamento para 2019. Com os cortes de 30%, que afetaram instituições e universidades federais de todo o país, a instituição tem R$ 27 milhões a menos de recursos. A maior parte da verba cortada, mais de R$ 26 milhões, era destinada ao funcionamento e manutenção das unidades. Também afetada com os bloqueios, os recursos direcionados à capacitação tiveram cortes de R$ 870 mil.

Segundo a Pró-reitoria de Extensão do instituto, o IFRN possui hoje 337 projetos de extensão. São mais de 40 mil alunos matriculados, entre os 272 cursos, distribuídos em 21 campi pelo estado. De acordo com um levantamento da própria Proex, 91% dos estudantes que passaram pelo IFRN estão inseridos no mercado de trabalho ou dando continuidade aos estudos.

De acordo com Arnóbio Araújo, diretor do Campus Central, se o IFRN fosse um país, teria ficado hoje em 11º lugar em ciência, 3º lugar em leitura e 30º lugar no ensino da matemática.

"Talvez seja isso que assuste tantas pessoas: fazer com que as pessoas se emancipem, se empoderem, porque esse parece que é o grande mal. Empoderadas, as pessoas não viram massa de manobra. O pensar incomoda", disse.

Representando a Secretaria de Educação estadual, Socorro Batista lamentou os cortes e expressou a solidariedade do estado à rede federal.

"Os cortes inevitavelmente vão obrigar os institutos, em um certo prazo, diminuírem sua oferta e com isso diminuir a quantidade de estudo da rede básica. Vamos ter um prejuízo significativo pros alunos que terminam o nono ano e desejam prosseguir com uma qualificação profissional", pontuou.

Foto: João Gilberto

Rosália Gabriela, da Rede de Grêmios do IFRN, defendeu a interiorização dos institutos federais.

"Cresci numa comunidade rural e tive a sorte de a educação ser acessível pra uma jovem como eu, ter tido oportunidade. Foi através da minha mãe que fiz a prova do IFRN em Apodi e hoje estou em Natal cursando licenciatura em Filosofia."

Também presentes na audiência, representantes da Adurn-Sindicato, Sinasef, Federação dos municípios do RN, entre outros movimentos, defenderam a democratização dos espaços na educação pública e de qualidade, além de convocarem todo o corpo acadêmico e sociedade para aderirem à manifestação da próxima quinta-feira, também contra o desmonte da educação.

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