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28 de janeiro de 2020
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Se você disser que conhecia alguma coisa sobre a cidade chinesa de Wuhan, ou você é comunista e acompanhou a ofensiva de Mao sobre os rebeldes militares da cidade em 1967, ou você gosta de tênis, já que a cidade sedia jogos na fase final da WTA, ou você gosta de fotografia, já que é nas galerias de imagens onde aparecem as citações à cidade antes de 11 de janeiro, quando um vírus desconhecido começou a provocar pneumonia nos habitantes da localidade.

Agora que o vírus tornou-se conhecido e já tirou a vida de mais de 100 pessoas, a cidade não sai das manchetes de todas as mídias.

O fato é que pouco conhecemos sobre a China. E muito menos sobre Wuhan, com mais de 11 milhões de habitantes. Tanto que as redes sociais explodiram de desinformação sobre a cidade, sobre a causa da doença, sobre a quantidade de infectados e a situação de atendimento em hospitais chineses. Se você é anticomunista então, prato cheio para falar mal do regime.

Até que eles anunciam que vão construir um hospital para 1,3 mil pacientes em uma semana. Isso mesmo, UMA semana. Aí aparece um monte de comunista para falar bem do regime.

Mas você já parou para pensar que, numa hora dessas, não tem um jornalista brasileiro na China? A Band chama o repórter na Europa; a Globo, no Japão. No Fantástico, um estudante conta, com um celular, o cotidiano da quarentena na cidade sitiada pelo vírus.

E sem jornalista não se faz notícia.

E a depender da mídia, de onde mais você não sabe notícias nesse mundo afora? Além da China, o sudeste asiático inteiro, a maior parte do continente africano. Raras vezes, ouvimos falar na Oceania, no Oriente Médio ou no Leste Europeu – principalmente se é notícia de desgraça. É que notícia ruim chega rápido.

Até nossa vizinha América Latina é motivo de mistérios na cobertura midática. Não fossem as “ditaduras” de esquerda como Chavez, Maduro e Evo, pouco haveria de interesse na imprensa nacional. A Globo, muito interessada no tema, para melhor cobrir a Venezuela e a Bolívia, mantém uma espécie de “comentarista” na Argentina (oi?) - alguém em Manaus estaria mais perto!

Agora, basta qualquer estadunidense dar um peido (ou um tiro) e, instantaneamente, a mídia nacional está a postos, com coberturas ao vivo, imagens exclusivas, repórteres in loco e a parafernália toda…

Mas nem sei por que dei tanta volta.

Para falar de deserto de notícias, basta lembrar da Zona Norte, ou do bairro do Guarapes. Qualquer região da periferia da grande Natal. Você sabe o que acontece lá? (não vale falar nas mortes anunciadas pelo papinha ou pelo Balanço Geral – aquilo não é jornalismo). Experimente procurar uma agenda cultural bem informativa da cidade (e falhe fragorosamente). Que tal uma notícia de última hora da prefeitura de Natal? Quem sabe depois de várias horas…

As coisas devem piorar. Já correm nas ruas a informação de mais demissões na InterTV Cabugi.

Parece que a mídia não quer midiatizar a vida ao nosso redor.

O cenário está aberto para muitas possibilidades.

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