Dia da Amazônia é convocado por povos indígenas
Natal, RN 28 de mar 2024

Dia da Amazônia é convocado por povos indígenas

3 de setembro de 2019
Dia da Amazônia é convocado por povos indígenas

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) lançou nesta segunda-feira (2) uma convocação para manifestações em defesa da Floresta Amazônica na próxima quinta-feira (5). O aumento das queimadas e do desmatamento na Amazônia é considerado por essas entidades como um crime contra a humanidade e cobra responsabilidade do governo Bolsonaro.

“Dia 5 de Setembro é Dia da Amazônia. Para nós, guardiães das florestas, será um dia de luta, para lembrar que é preciso manter a atenção e a mobilização pela vida da nossa grande floresta e logo, pelas nossas vidas. Por isso, a APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil convoca você para estar nas ruas neste dia”, divulga, em nota, a organização.

A APIB pretende promover nesse dia uma grande mobilização que cobre maior responsabilidade do governo de Jair Bolsonaro com relação às suas políticas ambientais que têm permitido um crime contra a humanidade na Amazônia através do crescimento das queimadas e do desmatamento na região, que crescem a cada mês, de acordo com dados do Instituto Socioambiental (ISA). Devido ao fogo que se alastra na região amazônica, 148 terras indígenas da Amazônia brasileira foram ameaçadas.

“É preciso que providências sejam tomadas em relação ao crime contra humanidade que vem sendo cometido através das queimadas e do grave desmatamento da Amazônia. Que o que foi queimado, seja reflorestado. Nós não temos plano B, o momento é grave e urgente. O Estado brasileiro precisa assumir a sua responsabilidade no que se refere às políticas ambientais”, afirma a APIB.

Na última sexta-feira, cerca de 14 tribos indígenas e quatro povos ribeirinhos da região da Bacia do Xingu, no Pará, se reuniram anunciando uma unidade contra o Governo Bolsonaro e em defesa da Floresta Amazônica.

Confira a nota

Enquanto a Amazônia arde em chamas, o presidente anti-indígena Jair Bolsonaro segue destilando sua ignorância e racismo contra os povos indígenas do Brasil. Sob o argumento de que somos tutelados pelo estrangeiro, segue pregando sua política genocida, etnocida, anti ecológica e anti-indígena, desta vez, em meio a uma reunião entre governadores em que deveria estar buscando somar esforços por soluções para a Amazônia, e não apregoando ideias retrógradas, equivocadas e perversas, como infelizmente, é de praxe.

Um dos resultados dessa política anti ambiental é justamente o aumento colossal das queimadas no Brasil em 82% no comparativo ao mesmo período do ano passado,  maior alta e também o maior número de registros em 7 anos no país, conforme divulgou o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

Bolsonaro fala de colonialismo sobre a Amazônia de maneira desonesta, enquanto incita criminosamente as invasões ilegais de nossas terras por parte de madeireiros, garimpeiros, grileiros, esvaziando órgãos ambientais como o IBAMA e o ICMBio, responsáveis pela fiscalização e execução das políticas ambientais, além de promover o desmonte de órgãos e fundos históricos como a FUNAI e o Fundo Amazônia, que poderiam estar sendo utilizados neste momento para mitigar os resultados desses crimes.

Enquanto isso, trata nossa política internacional de maneira amadora, grosseira e irresponsável, envergonha as mães, pais, avós, mulheres e trabalhadores deste país, com sua perversidade sem fim.

Paralelo a isso, em outra trincheira, na Câmara dos Deputados, foi admitida na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados a PEC 187, que permite atividades agropecuárias e florestais em terras indígenas, um verdadeiro retrocesso que só atenderá a ganância sem fim do agronegócio brasileiro, que com seu lobby poderoso, atropela direitos, vidas e o coloca em risco o futuro da humanidade. Esses conjuntos de medidas maléficas, somadas ao desmantelamento de políticas nas mais diversas áreas, de saúde, educação, assistência, segurança e outras, nos jogam à revelia de nossa própria sorte, numa tentativa de nos expulsar mais uma vez de nossa terras e matar nossa cultura. Seguiremos lutando incansavelmente na Comissão Especial criada para analisar o tema.

Precisamos e muito de solidariedade nacional e internacional para enfrentar esse tempo tenebroso. Estamos pedindo toda ajuda e apoio para as instituições nacionais e internacionais para que façam valer a força das Leis, justiça e os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Todos esses conjuntos de dispositivos legais e direitos conquistados foram frutos de muita luta do movimento indígena no Brasil e em todo o mundo, e custaram sangue e vidas de nossas ancestrais e lideranças que por nossa gente tanto lutou tendo em vista os longos períodos de genocídios aos quais fomos submetidos. 

Não abaixaremos a cabeça diante do arbítrio e seguiremos resistindo com nossos corpos e nossas vidas pelos nossos territórios, pelas nossas culturas e pelo futuro do nosso planeta. Não temos plano B. A nossa luta é urgente e coletiva. Reforçamos nosso compromisso e convocamos a todas as mulheres e homens lúcidos que sigam nos apoiando em todas as trincheiras que estão nos sendo impostas. Nas fronteiras, em nossos territórios, de Norte a Sul do país. Nunca foi fácil, mas estamos aqui ainda, e não atoa. Temos a sabedoria dos nossos ancestrais, sabemos resistir e articular. E assim seguiremos fazendo, goste Bolsonaro ou não. 

APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil 

*Informações: Revista Fórum e APIB

**Edição: agência Saiba Mais

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.