E o empresário do turismo: o que será afetado com o Plano Diretor "moderno" de Natal?
Por Ana Catarina Coutinho*
De acordo com pesquisas realizadas pela Fecomércio em 2019 (federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado do RN), o perfil do turista que visita Natal tem origem da região sudeste (49,2%) onde os recursos naturais são escassos e paisagens de concreto estão em extrema abundância. Viajam com familiares (64,9%), permanecendo uma média de 10 dias no estado e tem como principal motivação o LAZER (86,1%). Entre as principais atividades realizadas no estado identifica as PRAIAS (85,7%) como atrativo mais visitado a Praia de Ponta Negra, Praia da Pipa, Praia de Genipabu, Passeio de Buggy, Cajueiro de Pirangi, etc.
Evidencia, neste sentido, que o turismo de Natal tem como pilar os seus elementos tradicionais naturais que diferencia do que se encontra nas demais regiões do país, inclusive do interior do seu estado. Esta é a principal condição de escolha do destino, interesse e permanência em Natal. Este tradicionalismo encontrado na cidade do Natal se opõe, para não dizer que diverge, da ideologia ‘moderna’ que se busca implementar a partir de prerrogativas como reestruturação, remodelação, ressignificação. Não! O turista não busca isso!
O que o nosso plano diretor quer com a cidade de Natal - que é uma cidade eminentemente turística - é a sua transformação utilizando palavras de ordem como a “modernidade”. Mas, veja bem...o moderno, o industrial, o tecnológico e o concreto já não se vê em outros destinos? O que Natal teria que oferecer de diferencial competitivo? Será que uma praia com sombras, degradação dos recursos naturais e a impossibilidade de visualização do Morro do Careca ainda seria atrativo para o nosso turista?
Ainda cabe considerar que em uma pesquisa inédita realizada pela Hibou (Monitoramento de Mercado e Consumo) em parceria com a VPNY (Vou para New York) publicada há 2 dias sobre a intenção de viagens futuras, mais de 54% dos brasileiros consideraram a estação do ano como um dos principais requisitos na hora de planejar a escolha de um destino no pós-pandemia. E, neste processo, Natal com seu plano diretor ‘Moderno’ que querem empurrar as boiadas irá deparar com imensos prédios verticais que provocam sombras nas praias. E a famosa estação calorosa será coberta com sombras, com bloqueios de paisagem, com ventilação, etc.
O que restará ao empresariado que investiu no turismo de Natal será uma constante queda de visitações e consequente rentabilidade. E parece que essa crise econômica já está sendo vivenciada pela pandemia da Covid-19 e NÃO carece de mais elementos externos para piorar a situação. Assim, com um passo de mobilização, conseguiremos uma atuação rigorosa e honesta que vise a melhoria da cidade como um todo. Uma descaracterização da cidade do Natal incentivada por um plano diretor que defende a verticalização de sua orla provocará um declínio de visitações e interesse do turista, mas sobretudo na busca de um turismo humanizado.
Cabe a nós posicionarmos para um Plano Diretor que promova melhorias sociais e econômicas, sem perder suas características tradicionais como seus recursos naturais que tanto interessa aos turistas e fomenta as empresas privadas que aqui investiram. Vamos salvar a nossa Natal!
Para saber mais sobre as pesquisas, acessem:
Perfil do turista - Site da Fecomércio
Intenção de viagem pós Pandemia – Site da Hibou
Junte-se a nós! Salve Natal!
Assine nosso abaixo-assinado: http://chng.it/Ps8kdxWNH6
* Ana Catarina Coutinho é docente curso de Turismo na UFMA/São Bernardo e doutoranda no PPGTUR/UFRN⠀