E o que você fez?
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10 de janeiro de 2020
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Esses dias estive triste. Mais precisamente entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020. Pois é, foi uma virada de ano, de um ano muito estranho. Não exatamente ruim, mas sobretudo, estranho. E então me permiti ficar triste. Pelas incertezas e pior, pela certeza de tempos difíceis. O que consola é essa concretude de novos tempos vindo. É quase um convite a recomeçar.

Um cafuné de um talvez. Um carinho de um ao menos. O afago de um quem sabe. Tem muita gente meio triste, mas também tem muita gente tentando. Tentando outro emprego, outro amor, outra cidade, e até outro país. Em resumo: outra vida. E por isso me permito sentir a pontual alegria de Ano-Novo.

É melhor ser alegre que ser triste, já dizia a canção. Mas torço para que a euforia não nos torne conformados demais. Eu quero ser alegre, e entender minhas raivas e tristezas. Há um quarto de século não me conformo. Por isso não me perco de quem sou, ainda que passem os anos e os tempos sejam sempre outros.

Por vezes lembro de um recorte, quase um estilhaço de tempo vivido: o exato momento em que tive a consciência de saber escrever, de conseguir juntar letras em sons, sons em sentidos. De palavras específicas não recordo, mas sim da certeza de que não me perderia mais no mundo a partir de então. Somente por dominar esse poder.

Logo percebi que poder não é bem a palavra certa. Não no sentido arbitrário do termo, ainda que seja sedutora tal percepção. É que poder pressupõe poder mais e poder menos. E no meu caso, eu sentia naquele momento apenas um imenso alívio de poder também, de poder algo apesar de tudo.

Gostaria de sentir alívio novamente. Por enquanto me resta apenas a pontual alegria de Ano-Novo. E o afago de um talvez.

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