E se Robinson tivesse se mantido fiel a Dilma e ao PT?
Natal, RN 23 de abr 2024

E se Robinson tivesse se mantido fiel a Dilma e ao PT?

26 de setembro de 2018
E se Robinson tivesse se mantido fiel a Dilma e ao PT?

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Até o mais inexperiente dos focas sabe que em política não existe o "se". O que aconteceu, aconteceu, e tudo que se sucede em política é imediatamente deixado para trás e se olha em frente rumo à próxima eleição.

Mas a leitura da boa análise de Carlos Madeiro no UOL com o título "Governadores do Nordeste fieis a Lula disparam e podem vencer no primeiro turno", me trouxe à tona uma pergunta que eu já havia feito com amigos e amigas jornalistas em etílicas discussões de bar: E se Robinson Faria tivesse se mantido fiel a Dilma e ao PT durante o impeachment e tivesse mantido a aliança com Fátima Bezerra?

Antes de começarmos a responder, vamos aos dados e números da matéria do UOL. Entre os governadores de Estados nordestinos, temos os petistas Camilo Santana, Wellington Dias e Rui Costa, respectivamente do Ceará, Piauí e Bahia liderando com folga, 69%, 53% e 82% respectivamente também, devendo vencer no primeiro turno.

Outros que tem amplas chances de vitória em turno único são Flávio Dino (PC do B), do Maranhão, e Renan Filho (MDB), de Alagoas, com 55% e 65% de intenções de voto. Não são petistas, mas sempre se mantiveram leais a Dilma e Lula.

Tanto que os cinco tentaram, em caravana, visitar Lula na cadeira no dia 10 de abril, sendo impedidos pela Justiça.

Há mais dados. Na Paraíba, João Azevedo lidera; em Pernambuco, Paulo Câmara também.  Ambos do PSB e ambos tendo apoiado Lula quando preso e contam com o apoio petista às suas eleições.

Dito tudo isso, vamos ao ponto fora da curva, o governador potiguar Robinson Faria.

Com índice de intenção de voto entre 9% e 14% dependendo da pesquisa, rejeição altíssima e citado por reportagem da Folha de S. Paulo como o governador em exercício com menos chances de reeleição, Robinson foi eleito em 2014 com apoio do PT, tendo Lula pedido votos para ele em vídeo e atracado com Fátima Bezerra, eleita senadora na mesma eleição. A lua de mel era tanta que dias após a vitória contra Henrique, em segundo turno, Robinson lançou o nome do deputado estadual Fernando Mineiro a prefeito de Natal.

Menos de um ano depois, tudo azedou. Robinson e Fátima entraram em conflito e a senadora abandonou o governo entregando os cargos que indicara.

Contudo, o PT ainda fazia parte do Governo. O rompimento veio em 2016, por ocasião do processo de Golpe contra a presidenta, quando Fábio Faria, filho de Robinson, votou pelo impeachment de Dilma. Foi a gota d´água para o PT desembarcar de vez e definitivamente do governo Robinson. Para ele, não havia mal nisso. Estava alinhado com o Governo Temer e suas possíveis benesses e vendo o PT se estraçalhar enquanto partido com possível derrocada na eleição seguinte.

Dois anos depois, o jogo parece ter virado.

O PT recuperou confiança e gordura eleitoral, ironicamente beneficiado pelo desastre que foi/é o Governo Temer e pelo fracasso do Consórcio do Golpe na condução do País, e como citado nos primeiros parágrafos, a duas semanas da eleição, lidera ou é aliado em quase todos os estados do Nordeste, além de praticamente estar no segundo turno da eleição presidencial.

Voltemos ao exercício de vidência.  E se Robinson Faria tivesse se mantido fiel a Dilma e ao PT durante o impeachment e tivesse mantido a aliança com Fátima Bezerra?

Em um primeiro momento seria desprezado pelo Governo Temer, claro. Ficaria sem alguns recursos e sem interlocução em Brasília, já que também não detinha boa parte da bancada legislativa.

Contudo, de cara, poderíamos prever que Fátima Bezerra não encontraria espaço para ser candidata, mantida a aliança. Robinson disputaria contra Carlos Eduardo Alves com apoio do PT, possivelmente contra outro nome forte, talvez Fábio Dantas, se encontrasse seu espaço.

Robinson poderia até fazer um governo desastroso, como faz, mas, teria a seu favor a fidelidade a Lula e Dilma e navegaria na onda de aceitação e potencial de votos do primeiro, beneficiando do efeito Lula. Possivelmente do efeito Haddad.

Há poucas semanas, um dos caciques do PSDB, Tasso Jereissati, fez mea culpa sobre a participação do partido no Golpe e no Governo Temer, conjecturando - como a jornalista Cynara Menezes fez há tempos em seu blog Socialista Morena - que se os tucanos tivessem aceitado a derrota e feito oposição saudável e democrática à Dilma, possivelmente seriam os favoritos a Presidência nessa eleição e Lula teria bem menos capital eleitoral que tem hoje.

Muitos "se", claro. Mas, são coisas que passam pela cabeça de políticos e jornalistas.

Robinson, como Tasso, deve pensar neste "se" com frequência.

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