Edital Aldir Blanc beneficia 47 projetos com propostas LGBTQIA+ no RN
Natal, RN 19 de abr 2024

Edital Aldir Blanc beneficia 47 projetos com propostas LGBTQIA+ no RN

19 de janeiro de 2021
Edital Aldir Blanc beneficia 47 projetos com propostas LGBTQIA+ no RN

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Com recursos da Lei Aldir Blanc, o Governo do Estado do Rio Grande do Norte lançou o edital de fomento a atividades culturais com propostas vinculadas à diversidade sociohumana. Dentre os segmentos favorecidos, foram disponibilizadas inicialmente 30 vagas para projetos com temática LGBTQIA+, divididas entre combate à LGBTFobia e visibilidade LGBT. No final das contas, com vagas sobrando em outros segmentos, 47 propostas de artistas e produtores culturais LGBT foram contemplados pelo recurso, divulgou a Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (Semjidh).

"É a primeira vez que nós temos um edital temático sobre visibilidade LGBT e enfrentamento à LGBTfobia", afirma Janaína Lima, Coordenadora de Diversidade Sexual e de Gênero da SEMJIDH. De acordo com Lima, há um cenário cultural LGBT muito forte no estado e que ainda não foi reconhecido. O edital, segundo a coordenadora, é "um primeiro passo em reconhecer a cultura LGBT e de reafirmar essa cultura como um processo de resistência", principalmente dentro do contexto da pandemia.

Todos que inscreveram propostas de projetos no segmento LGBTQIA+ tiveram propostas contempladas pelo edital Aldir Blanc, afirma a coordenadora. Foram 49 propostas inscritas, mas algumas delas vinham do mesmo CPF. Dessa forma, todos que lançaram projetos nesse segmento foram contemplados com alguma proposta. Isso foi possível porque vagas destinadas a outros segmentos acabaram sobrando.

"Alguns saíram de LGBT e foram para combate ao racismo ou para mulheres, com o tema mulheres lésbicas, por exemplo, pois tiveram nota maior nesse projeto", explica Janaina. A importância de R$ 235 mil reais foi destinada ao segmento, com R$ 5 mil para cada ideia.

A  cantora natalense Dani Negro, de 43 anos, estava sem trabalhar em decorrência da pandemia e, por meio do edital, conseguiu recursos para estruturar apresentações de lives musicais nas plataformas do Instagram e YouTube.

"numa tentativa de construir representatividade e visibilidade, através da minha atuação enquanto artista, lésbica e negra, o repertório foi organizado todo ele baseado na interpretação de artistas autonomeadas lésbicas", ressalta a cantora. Além dela, o recurso vai pagar o trabalho de mais cinco pessoas, incluindo músicos, assessoria de imprensa, design e estúdio.

Dani Negro teve que parar as apresentações musicais durante a pandemia e agora retoma seu repertório em lives com foco na visibilidade de artistas lésbicas. / Foto: Arquivo Pessoal

Conversas realizadas pelo WhatsApp deram origem ao Contorno Trans, projeto audiovisual idealizado pelo estudante Allan Cristian Miranda, de 22 anos. Em vídeos publicados no instagram pessoal dele, o artista visual e estudante de psicologia faz retratos das pessoas que contam as próprias histórias em vídeo.

"Realizei cinco entrevistas pessoas trans sobre suas experiências com o mercado de trabalho e postei um produto audiovisual que conta com a realização de um desenho em timelapse, juntamente com a entrevista. A ideia é colocar a arte visual como uma contraposição a invisibilidade sofrida pela comunidade nesse setor", explica Cristian, que se identifica como homem trans bissexual.

Estudante de Direito e DJ, Pety, de 21 anos e residente em Mossoró, coloca no ar toda quinta-feira, a partir das 19h, o BueiroBeat, programa da Rádio Sarjeta que cria um ambiente de pista de dança virtual.

"Os ouvintes interagem e contam causos vividos, e também recebemos convidados, geralmente artistas locais, que relatam as alegrias e tristezas. Resolvi dar o pontapé inicial para a Rádio Sarjeta para que ela também possa ser esse espaço seguro para ser quem somos. O amor pela música e pela interação da noitada foram grandes catalizadores disso", conta Pety, que se identifica como não-binário e é bissexual.

Os programas da Rádio Sarjeta são exibidos ao vivo e também ficam gravados na plataforma Mixlr.

Por meio da ONG Attransparência, a trancista Aisha Ayalla, 22 anos, vai levar oficinas de Vogue aos ambientes virtuais. A dança estilizada que se popularizou durante a década de 1980 nos Estados Unidos tem ganho adeptos no Brasil todo e Aisha pretende trabalhar o estilo como uma "celebração ao corpo marginalizado".

Aisha é travesti não-binária e vai participar de projeto que visa ensinar a prática do Vogue para interessados. / Foto: Captura de tela do vídeo https://www.youtube.com/watch?v=b-w_PbIkjKo&feature=youtu.be

Janaína Lima, Coordenadora de Diversidade Sexual e de Gênero da SEMJIDH, destaca que o edital tambem possibilitou a realização de um mapeamento sobre pessoas LGBT que são artistas e produtores culturais no Estado, com 2050 nomes cadastrados.

"Nunca houve esse alcance de mapeamento de artistas LGBTs na nossa história. É uma produção de dados que mostra que existe sim cultura LGBT, esse segmento artístico, e que ele também precisa de investimento", salienta Lima.

Originalmente, haviam 30 vagas para o segmento LGBT, mas outros projetos puderam ser rearticulados para outros grupos que tinham vagas livres. / Fonte: Edital

Ao todo, foram aprovadas quatro exposições artísticas, seis performances, cinco apresentações musicais, exposição de duas coleções de moda, seis podcasts, 10 oficinas temáticas, oito festivais culturais e sete produções audiovisuais no segmento LGBT.

Confira a lista de todos os projetos LGBTQIA+ aprovados pelo edital neste link.

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.