Em nova intervenção, Bolsonaro nomeia último de lista tríplice para reitoria da UFPB
Natal, RN 24 de abr 2024

Em nova intervenção, Bolsonaro nomeia último de lista tríplice para reitoria da UFPB

5 de novembro de 2020
Em nova intervenção, Bolsonaro nomeia último de lista tríplice para reitoria da UFPB

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O presidente Jair Bolsonaro ignorou mais uma vez a escolha feita pela comunidade acadêmica em uma instituição de ensino federal e nomeou o menos votado dos candidatos à reitoria da Universidade Federal da Paraíba. Seguindo publicação do Diário Oficial da União desta quinta-feira (5), quem assume a gestão da UFPB é o professor Valdiney Veloso, que encabeçou a terceira chapa da lista tríplice e foi o menos votado na consulta pública. O docente recebeu apenas 106,496 votos da soma ponderada e normalizada, contra mais de 900 predileções destinadas a cada uma das outras duas chapas. Mesmo assim, o professor assume a reitoria na próxima quarta-feira, 11.

Pelo menos 15 instituições federais, entre universidades e institutos já sofreram intervenção da gestão Bolsonaro, que vem optando por não respeitar a vontade das comunidades acadêmicas expressadas nas urnas.

De acordo com a votação na Paraíba, quem deveria gerir a Universidade pelos próximos quatro anos seria a chapa 2, formada pelas professoras da UFPB Terezinha Domiciano Dantas Martins e Mônica Nóbrega, candidatas aos cargos de reitora e de vice-reitora, respectivamente. As docentes venceram a consulta online com soma ponderada e normalizada de 964,518 indicações.

A Chapa 1, encabeçada pelos professores Isac Almeida de Medeiros e Regina Celi Mendes Pereira da Silva, ficou em segundo lugar, com soma ponderada e normalizada de 920,013.

De acordo com o boletim de apuração, participaram da consulta online 2.341 docentes, 2.466 técnico-administrativos e 9.796 estudantes. O percentual de votação final de cada candidatura foi obtido pela média ponderada dos percentuais alcançados em cada segmento, sendo o peso de 15% para discentes, 15% para técnico-administrativos e 70% para docentes.

A agência Saiba Mais entrou em contato com a reitora eleita da UFPB Terezinha Domiciano, mas ela não pode atender as ligações.

Intervenção revolta comunidade acadêmica 

Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montovani, participou do ato público na UFPB. (Foto: Edônio Alves)

Na tarde desta quinta-feira, 5, estudantes promoveram um ato em frente à reitoria da instituição contra a nomeação do reitor. A manifestação contou com a presença de professores, estudantes, servidores técnicos e até do presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montovani.

Com a UFPB, já são pelo menos 15 intervenções do presidente em nomeações de reitores.

No Rio Grande do Norte, duas instituições federais sofreram intervenção: o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte e a Universidade Rural do Semiárido (UFERSA).

No caso do Instituto, o mais votado na eleição interna foi o professor José Arnóbio de Araújo Filho. No entanto, quem assumiu interinamente o cargo máximo da instituição foi Josué Moreira, em abril deste ano. O professor nomeado não havia sequer participado da eleição interna. Na época, o Ministério da Educação (MEC) respondeu que Arnóbio não foi nomeado por responder a uma sindicância interna por improbidade, já que teria supostamente cedido dependências do IFRN para a realização de um evento destinado a arrecadar donativos para o "Comitê Lula Livre Rio Grande do Norte". Arnóbio alegou, à época, que não havia impedimento legal para que ele seja nomeado e afirmou que a instituição vive uma "intervenção".

Jair Bolsonaro entre Josué Moreira e Ludimila Serafim, reitores nomeados pelo presidente no IFRN e UFERSA à revelia das eleições

No caso da Ufersa, também foi nomeada chapa com menor votação dentre candidatos da lista tríplice, em agosto deste ano. Ludimilla Oliveira assumiu a reitoria da Universidade mesmo após obter apenas 18,33% dos votos. Se a vontade da comunidade acadêmica houvesse sido respeitada, quem teria assumido o cargo seria Rodrigo Codes, que obteve 37,55% dos votos. Em segundo lugar estaria Jean Berg, também à frente da atual reitora com 24,84%. Na época, alunos também se manifestaram contra a nomeação da reitora.

Ainda foram levados à justiça dois pedidos de suspensão para a nomeação da professora, mas estes foram negados pelo juiz Lauro Henrique Lobo Bandeira, da 8ª Vara Federal do Rio Grande do Norte. Segundo o magistrado, o presidente da República tem poder para nomear como reitor de universidade federal qualquer um dos candidatos que integram a lista tríplice e optar por aquele ou aquela que não encabece a relação organizada pelas instituições de ensino não configura violação ao princípio da autonomia universitária.

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