Enem digital pode excluir os mais pobres
Natal, RN 24 de abr 2024

Enem digital pode excluir os mais pobres

4 de julho de 2019
Enem digital pode excluir os mais pobres

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Em mais um anúncio polêmico, o ministério da Educação informou que vai acabar com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em papel até 2026, e que em 2020, 50 mil pessoas devem fazer a prova de maneira digital.

O MEC vai utilizar 15 capitais para testar a versão online do teste nos dias 11 e 18 de outubro de 2020. Natal não está entre as cidades onde os estudantes podem optar pela novidade. A partir de 2021, todo os candidatos terão a opção de fazer o Enem presencialmente ou digitalmente.

Segundo o ministério, a nova versão da prova vai permitir a aplicação em locais onde hoje não há estrutura para recebê-la. Porém, segundo os últimos números divulgados pelo IBGE, no PNAD de 2018, mais de 30% dos lares brasileiros não tinham acesso a internet, 24 milhões de pessoas usam internet por falta de conhecimento e 4,5 milhões são considerados excluídos digitais. Ainda há diversas cidades onde o serviço não chega ou é defeituoso. Isso preocupa quem trabalha com educação.

“Eu viajo daqui para Caicó (RN) e fico sem sinal de internet inúmeras vezes”, afirmou, em seu facebook pessoal, o cientista social e professor do IFRN Francisco Augusto.

“É preciso aceitar que não é simplesmente ter um celular, um computador, mas ter condições de utilizá-lo funcionalmente. O número de celulares vendidos não significa inclusão digital, ta okey? Uma medida dessa me parece muito mais o desejo de limitar o acesso a Educação Superior do que ampliá-lo. Parece partir de quem não conhece o país: o sertão, as florestas, as montanhas, os pampas. Nesses lugares longínquos, existem cidadãos que têm direito à Educação Superior”, ressalta o professor, que atua no interior do Rio Grande do Norte.

Segundo o PNAD, a maior quantidade de famílias desconectadas foi estimada no Nordeste, onde não havia acesso à rede em quase 8 milhões de casas. Na região, o percentual de domicílios com internet era de apenas 56,6%, mais de dez pontos percentuais abaixo da média nacional.

O governo federal terá a difícil missão de em seis anos levar internet de qualidade para todos os municípios do país, ensinar e educar todos com base nos computadores e deixar a população como um todo apta a realizar um exame de tamanha importância ou afirmará o desejo de tornar a educação superior cada vez mais exclusiva.

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