Escândalo no Paraguai sobre venda de energia de Itaipu envolve governo Bolsonaro
Natal, RN 28 de mar 2024

Escândalo no Paraguai sobre venda de energia de Itaipu envolve governo Bolsonaro

6 de agosto de 2019
Escândalo no Paraguai sobre venda de energia de Itaipu envolve governo Bolsonaro

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Uma crise no Governo do Paraguai que pode culminar no impeachment do presidente Abdo Benítez e do vice-presidente Hugo Velázquez. A denúncia volta a ganhar força após divulgação de conversas que mostram um assessor do vice-presidente pressionando para atender aos interesses da empresa brasileira Leros que, por sua vez, tem ligações com o PSL, partido de Jair Bolsonaro.

Segundo o portal ABC Color, o advogado José Rodríguez González, assessor jurídico do vice-presidente Hugo Velazquez, afirmou que “em todas as conversações que tivemos com esse grupo empresarial brasileiro, a primeira coisa que fizeram é dizer que têm o apoio do alto comando brasileiro para conseguir as autorizações de importação de energia”.

Após revelações das conversas, deputados paraguaios do Partido Pátria Querida (PPQ) protocolaram pedido de julgamento político do vice-presidente do país, Hugo Velázquez, sob acusação de tentar beneficiar uma empresa brasileira ligada a Bolsonaro num acordo entre os dois países envolvendo a venda de excedente de energia da hidrelétrica Itaipu Binacional.

Nesta terça-feira (6), o Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) deve apresentar pedido de impeachment do presidente Mario Abdo Benítez, envolvendo o vice e o ministro da Fazenda, Benigno López. O caso, que está sendo tratado como escândalo, foi denunciado pelo portal ABC Color .

Escândalo envolve o governo de Jair Bolsonaro

A divulgação mensagens trocadas entre o advogado José Rodríguez González voltou a incendiar escândalo. José dizia falar em nome do vice-presidente. Outro envolvido é o então presidente da Administración Nacional de Electricidad (Ande), estatal elétrica paraguaia. Alexandre Luiz Giordano, lobista do PSL que se apresentava em nome da família Bolsonaro, também participou das negociações.

Nessas conversas, Rodríguez tentava intermediar uma reunião entre o presidente da estatal e representantes da empresa brasileira Leros, interessada na compra de energia paraguaia.

Atuaria em nome da Leros o empresário Alexandre Luiz Giordano, que é suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP) e, segundo Rodríguez, falaria em nome da “família presidencial do país vizinho”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro.

Acordo de venda foi cancelado pelo Paraguai

Pelo acordo, firmado em 24 de maio pelos dois países, e cancelado pelo Paraguai na semana passada, o país vizinho pagaria US$ 50 milhões adicionais por ano, até 2023, pela energia produzida em Itaipu.

Outro ponto de discórdia foi a retirada do texto do acordo de critérios para a venda do excedente de energia produzida pelo Paraguai a empresas brasileiras interessadas.

Em vez de realizarem uma concorrência internacional, uma cota de 300 Megawatts seria repassada com exclusividade à Leros, que faria a venda ao mercado brasileiro.

Embaixador Paraguaio foi convocado pelo Governo de Bolsonaro

Segundo os relatos, o governo brasileiro teria exercido pressão para que os termos fossem cumpridos, convocando o embaixador paraguaio ao Itamaraty para entregá-lo um "aide-mémoire", que mostrava o “mal-estar do governo brasileiro” com o fato de o Paraguai "não cumprir os compromissos assumidos na ata de 24 de maio (acordo que previa a compra de energia mais cara do que o habitual da Usina de Itaipu pelo Paraguai".

As mensagens, que vão de março a junho, mostram como o presidente paraguaio teria pressa para fechar um acordo, fundamental para "movimentar a economia" de seu país e ignorando as preocupações de Ferreira de que os termos fossem prejudiciais a Assunção.

Um dos recados, datado de 23 de junho, dá a entender que Abdo estaria ciente das negociações com a empresa brasileira Léros, supostamente realizadas sob a tutela do vice-presidente Hugo Velázquez.

'Tudo isso tem que ser verificado pelo Ministério Público do Brasil'

Para o jornalista e analista político Amauri Chamorro, trata-se de uma “trama complicadíssima”, “de extrema gravidade”, pois, caso os fatos se confirmem, revelaria que o vice-presidente estaria atuando, por meio do advogado Rodríguez, contra a própria soberania do seu país.

Ele também cobra que as autoridades brasileiras e a imprensa nacional investiguem os interesses da Leros na negociação do acordo.

“O vice-presidente estaria se subordinando absolutamente aos interesses de uma empresa privada brasileira, que por sua vez tem ligações com o PSL, a partir de um intermediador que se apresenta como representante da família Bolsonaro. Tudo isso tem que ser verificado pelo MP do Brasil para identificar como ocorreu esse processo de pressão e negociação com o vice-presidente paraguaio, burlando a parte técnica do acordo”, afirmou Chamorro em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual.

Resistente em beneficiar a empresa brasileira, o presidente da Ande pediu demissão. O suposto advogado José Rodríguez González prestou depoimento à Procuradoria do Paraguai confirmando ter atuado em benefício da Leros, porém, alegou ter mentido ao dizer que falava em nome do vice-presidente, assumindo toda a culpa pelo ocorrido.

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