Esqueça a Venezuela: brasileiro quer emprego e segurança
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Esqueça a Venezuela: brasileiro quer emprego e segurança

16 de janeiro de 2019
Esqueça a Venezuela: brasileiro quer emprego e segurança

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Sabe a moça simpática da padaria que atende sempre com um sorriso nos lábios? E o senhor mau humorado na filha preferencial da lotérica? E a senhora bem vestida que passeia pela orla com o cachorrinho? Pois é. Fazem parte, quase sempre, de uma gama de pessoas que é maioria no país (na verdade, em qualquer país) e que costuma decidir eleições, como decidiu a eleição presidencial de outubro passado.
 
São as pessoas que não veem o mundo, não analisam a realidade e muito menos escolhem em quem vão votar por questões ideológicas, por razões partidárias ou a partir de pautas partidárias ou mesmo identitárias. Votam com a cabeça no bolso, na barriga, no bem estar (ou na expectativa desse bem estar) no que já viveram ou com base em alguma emoção, seja individual ou coletiva.
 
E não há problema grave nisso. Nada mais normal que o cidadão médio vote em quem espera que vá resolver seus problemas imediatos. "É a Economia, estúpido", disse um jovem Bill Clinton a um desgastado George Bush pai lembrando a ele que o norte-americano médio "vota com o bolso". Idem no Reino Unido, que se divide entre Labours e Tories dependendo da situação econômica e tantos outros países.
 
Não obstante o mecanismo azeitado de um Golpe que como vaticinou Romero Jucá, envolveu o Supremo e tudo (e prendeu o líder das pesquisas, Lula, que fatalmente venceria uma eleição isenta) a Direta que elegeu Bolsonaro compreendeu não apenas os temores da população média, mas suas necessidades e tratou de dialogar sobre elas de maneira direta.
 
Quem perdeu um parente próximo em um assalto, quem tem um cunhado desempregado ou quem teme que a filha seja estuprada no caminho entre a parada de ônibus e casa não está preocupado se Cesare Battisti é terrorista ou injustiçado político, ou se o chavismo é a solução contra a burguesia venezuelana.
 
Passando o tema para a política, a Esquerda precisa se reciclar urgentemente e dialogar com a população estes temas urgentes, saindo das pautas "ideológicas". No Rio Grande do Norte, a postura de Fátima e abordar esses temas e procurar soluções rápidas e diretas para os problemas explica não apenas sua vitória, mas a boa avaliação em 15 dias de gestão. Outros governadores de Esquerda no Nordeste trilham caminhos parecidos.
 
Irônica e paradoxalmente, quem corre risco, uma vez agora no Poder, de cair nessa armadilha é a Direita, parte dela obcecada justamente com a "pauta ideológica", que, se ajudou na eleição, vai começar a cansar a população. Já vejo nas redes apoiadores de Bolsonaro pedindo para ele "esquecer o comunismo" e se deter em como combater o desemprego. Cada um sabe onde o sapato lhe aperta. E isso também faz parte da política.
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